Lendas da Copa

Revelado no Palestra Itália, Patesko disputou duas Copas

O Palestra Itália de 1931 pode ser considerado um dos melhores times de todos os tempos do futebol paranaense. Embora tenha perdido o título da temporada para o Coritiba na chamada virada coritibana, o Palestra foi de longe o dono da melhor campanha. Seu ataque marcou 77 gols, 34 gols a mais que o campeão. E aplicou goleadas memoráveis como 15 a 2 no Aquidaban, 8 a 1 no Ferroviário e 16 a 0 no Paranaense, no resultado até hoje mais amplo no certame estadual. E não só: foi um ano em que o Palestra, assim como seus adversários Coritiba e Atlético, revelaram uma safra de grandes talentos a exemplo de Mansur, Dula, Gabardinho, que foi o artilheiro da competição com 28 gols, e um ponteiro esquerdo de origem polonesa chamado Patesko, de apenas 20 anos.

Arquivo
Paranaense Patesko, revelado pelo Palestra Itália, disputou duas copas.

Eram jogadores oriundos da várzea curitibana e de categorias inferiores que deram novo atrativo para a competição. Patesko, por exemplo, era um canhoto que chutava forte, finalizava bem e era exímio driblador. No fim do ano, o Palestra se reforçou com jogadores do Clube Atlético Paranaense, como o goleiro Alberto, o zagueiro Borba, o ponta direita Levorato e o centroavante Zinder, pegou um trem e foi para Porto Alegre conferir se os paranaenses realmente eram bons de bola ou se era só impressão de campeonato estadual. No dia 25 de novembro, vestindo a camisa do Palestra Itália, o combinado paranaense ganhou de 1 a 0 da Seleção Gaúcha. Gol de Gabardinho.

Dois dias depois, o combinado enfrentou o Gremio Portoalegrense e perdeu por 3 a 2, resultado comemorado com euforia pela imprensa local. Detalhe: o time paranaense perdia por 3 a 0 quando começou a reagir. Primeiro, Levorato diminuiu e um minuto depois Patesko fez o segundo. O juiz Nestor Pereira, do Esporte Clube São José, tratou de encerrar a partida porque o resultado estava de bom tamanho para todo mundo. Se o time do Palestra Itália tinha jogadores que impressionaram a sua torcida durante o campeonato, como Gabardinho, Cortese, Vani e Dula, os quatro responsáveis por doze gols na goleada por 16 a 0 contra o Paranaense, quem encantou os gaúchos foi o ponta esquerda Patesko.

Este jogo em Porto Alegre serviu de vitrine para o ponta-esquerda paranaense. O Jornal da Manhã de Porto Alegre fez o seguinte comentário a respeito da atuação do ponta palestrino: “O jovem ponteiro visitante, mais uma vez demonstrou ser um dos mais completos jogadores em sua posição, que pisou nos gramados porto-alegrenses nestes últimos anos. Ele fez uma extraordinária partida”. O resultado da exibição foi que Patesko na virada do ano já estava em Porto Alegre atuando pelo Grêmio Esportivo Força e Luz, time que admitia jogadores de origem humildes, inclusive negros e que oscilava entre a primeira e a segunda divisões. Não era lá um grande clube, mas não deixava de ser uma vitrine. Tanto que Patesko ficou apenas um ano em Porto Alegre. No ano seguinte ele cruzou a fronteira para atuar pelo Nacional de Montevidéu, onde ficou o ano de 1933 e parte de 1934. E onde teve tempo suficiente para ser considerado um ídolo da torcida.

Rodolfo Barteczko, conhecido por Patesko, nasceu no dia 12 de novembro de 1910 em Curitiba – há uma versão de que ele teria nascido na Lapa. E morreu no dia 13 de março de 1988 no Rio de Janeiro em consequência de uma tuberculose. Ele é considerado um dos mais completos pontas-esquerdas do futebol brasileiro e um dos maiores ídolos da primeira metade do século passado. Foi o primeiro paranaense a ser convocado para a Seleção Brasileira a jogar e também o primeiro paranaense a disputar uma Copa do Mundo – o que fez em 1934 e 1938.

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