Renaldo não conseguiu repetir com a camisa do La Coruña o bom futebol praticado no Atlético Mineiro. Ele foi comprado por 1,9 milhão de dólares e chegou ao clube com o volante Flávio Conceição. Em 1998, foi emprestado para o Corinthians. Depois, voltou para a Espanha, onde também defendeu Las Palmas em 1998 e 1999 e o Extremadura em 2000 e 2001. Em 2002 ele voltou para o Brasil para jogar no América Mineiro, pela Copa Sul-Minas, enquanto aguardava a chance de voltar para o Atlético Mineiro. No ano seguinte, em 2003, jogou pelo Paraná Clube, quando então conseguiu se destacar mais uma vez: foi vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro com 30 gols, dos quais 14 de pênalti. Ele só ficou atrás de Dimba, do Goiás, que marcou 31 gols e foi o artilheiro da temporada.

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Em seguida, Renaldo deixou o tricolor para continuar colecionando clubes em sua carreira. Jogou em 2004 pelo FC Seul, da Coreia e no mesmo ano pelo Palmeiras. No ano seguinte, voltou para o Paraná Clube e depois foi para o Coritiba, quando o clube foi rebaixado para a Série B na última rodada do campeonato, disputada num domingo no dia 4 de dezembro de 2005. “Eu acho este rebaixamento com o Coritiba o fato mais lamentável de minha carreira. Foi minha pior derrota. Ganhamos do Inter no Couto Pereira, mas o São Caetano também ganhou do Cruzeiro por 3 x 1 no Mineirão e a gente foi rebaixado”, diz ele.

Renaldo ficou no Coritiba em parte do ano seguinte, quando foi para o Náutico. Em 2006 defendeu também o Ceilândia, onde ficou em 2007. No ano seguinte foi para o Democrata de Minas e no mesmo ano jogou pelo Capital de Brasília. Em 2009, defendeu o Dom Pedro, outro clube de Brasília. No final de 2009, Renaldo estava de volta ao Paraná. Desta vez para defender o modesto Serrano de Prudentópolis que acabara de subir para a Série A do futebol paranaense.

Nesta altura do campeonato, as ambições do jogador em fim de carreira eram mais modestas. Ele declarou aos jornais da época: “Vim para me divertir. Fazer o que eu gosto que é jogar. Quero fazer gols”, foi talvez a sua última estação como jogador profissional. Estava com 39 anos. E apesar de uma carreira irregular, estava satisfeito com a vida de jogador profissional de futebol. Segundo seus cálculos, andou fazendo muitos gols ao longo dos anos. “Pelos meus cálculos eu fiz 480 gols ao longo de minha carreira”, diz ele. Uma carreira recheada com a passagem por 18 clubes, alguns deles por mais de uma vez e muitos deles, clubes de expressão no futebol brasileiro e europeu.

Arquivo
Renaldo quase deixou o gramado ainda com o jogo rolando.
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Nas Ilhas Canárias

“Em 2001 eu deixei o La Coruña porque chega uma hora que a gente quer sair de um clube. Se quisesse, podia continuar lá. Eles gostavam de mim e eu estava bem. Mas a cidade era pequena, fria e depois de um tempo estas coisas começam a ter importância. Eu fui para o Las Palmas, um time da Segunda Divisão, das Ilhas Canárias. A princípio eu fiquei pensando, um time da Segunda Divisão? Mas eles fizeram uma proposta boa e fui. Eles queriam um brasileiro de qualquer jeito porque apareceu um brasileiro por lá que foi ídolo do time. Eu fui e me dei bem, tanto que o time subiu para a Primeira Divisão. Mas eu não continuei no clube, queria voltar para o Brasil. E voltei em 2002. Mas fui uma das melhores experiências que eu tive no exterior. As Ilhas Canárias são muito bonitas, é um lugar habitado por milionários, as casas são construídas nas pedras e eu tinha o mar batendo na porta de minha casa. Uma coisa muito bonita. Eu levava uma vida muito boa. Quando meus amigos iam me visitar, cantores ou jogadores, eu mandava uma limusine ir buscar os caras, com champanhe no carro. Era coisa d,e louco.”

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Um dia pra esquecer

Para Renaldo, aquele 9 de julho de 2005 foi um dia para esquecer, mas que não foi esquecido. A perda de dois pênaltis por um atacante que nunca perdeu a cobrança máxima foi tão discutida no fim de semana ou até mais que a vitória sobre o Figueirense, que colocou o time no oitavo lugar do campeonato brasileiro. Foi até tema da charge de Los Três Amigos na edição de segunda-feira da Tribuna, em que aparece um Renaldo na cama com as duas mãos na cabeça, se queixando: “Dois pênaltis fora??? Isso nunca me aconteceu antes”. O primeiro pênalti foi perdido aos 39 minutos do primeiro tempo, depois de Cléber puxar Borges. O juiz Rodrigo Cintra apitou no ato. Aos 31 minutos do segundo tempo, quem sofreu o pênalti foi o próprio Renaldo, que aos 33 minutos foi para a cobrança, ainda pior que a anterior e o goleiro Edson Bastos defendeu com tranquilidade. Renaldo, então com 35 anos, teve vontade de sumir depois da segunda cobrança. E quase sumiu mesmo: ele puxou o camisa para fora do calção e foi caminhando pela linha de fundo até a bandeira de escanteio. A impressão era a de ia direto para o vestiário. Foi preciso que Vicente fosse atrás do companheiro e o puxasse de volta para o jogo. Quem tirou de filósofo foi o técnico Lori Sandri: “Ninguém é infalível. Isso deve servir de lição para que o time continue com a mesma pegada”. Mais de 26 mil torcedores estiveram no Pinheirão. No lado paranista, o único que saiu triste mesmo foi o atacante.

Pelado na sauna de Seul

“Em 2004 eu fui para a Coreia, para jogar no Futebol Clube Seul. Fiquei uma temporada. Mas não foi uma experiência boa. Foi a minha pior experiência no exterior. Começa pela comida que não gostei. Uma comida apimentada, aquilo dava até uma canseira na gente. Depois, tinha neve de um palmo e a gente tinha que treinar. E acontecia algumas coisas estranhas. A mais estranha foi um dia, depois de um treino, a gente entrava na piscina para relaxar. E eles queriam que eu entrasse sem roupa numa espécie de sauna. Quando olhei o interior da sauna, todo mundo estava pelado. Eu reparei que aquele monte de homens tinham o bilau pequeno e eu fiquei encabulado e não quis tirar a roupa. Era o pessoal do time, diretores, estas coisas. Mas eles disseram para entrar porque o presidente do time queria que eu entrasse. Eles diziam, o mister mandou. Que era o presidente. Aí eu tirei a roupa e entrei e foi aquele constrangimento. Eles queriam que eu entrasse para ver o meu bilau. Eles ficaram apontando: Oh, very strong! Big stick. Eu fiquei muito puto! Os caras queriam que eu entrasse de roupa para ver o tamanho do meu bilau. Eu disse que não fui para a Coreia para mostrar bilau para ninguém, mas para jogar futebol. Na realidade, eles ficam admirados com qualquer brasileiro pelado porque o bilau deles é muito pequeno enquanto que o nosso é maior. Aí eles ficam curiosos com o bilau dos outros. Esta foi a experiência mais maluca que eu tive por lá. Não gostei não”.