Lendas vivas

Rafael Cammarota foi ídolo também do Grêmio Maringá

Rafael Cammarota é um dos ídolos históricos do Grêmio de Maringá. No entanto, quando foi para a cidade, o seu destino era outro. “O empresário Fauzi Celi disse que ia me levar para Londrina. Ele foi mostrando o caminho e a gente foi. Estava chovendo. Eu tinha um Opala marrom, ano 78, roda cromada, roda gaúcha, cupê, todo equipado. Coisa fina! E quando eu fui para o Norte do Paraná estava chovendo. Eu não sabia onde estava. Quando eu desci na cidade, aquela lama vermelha e vi meu carro todo sujo, eu não gostei. Eu lembro que nós fomos para o Hotel Umuarama. Nos hospedamos e quando acordei disse para o Fauzi: que lugar é esse?”, conta.

“Ele disse que era Maringá. Foi aí que eu fui ver a realidade. Ele não me levou para Londrina, que queria me contratar. Ele ia me emprestar para o Grêmio Maringá. Eu não queria. Além disso, meu carro estava sujo. Eu queria ir embora. Mas ele me levou para conversar com o homem que era o Carlos Coelho. Que, aliás, foi um dos melhores presidentes que eu tive. Depois fomos falar com um negociador de café”, conta Rafael. E numa conversa atravessada, em vez de ir embora, o goleiro acabou sentindo-se desafiado e ficou. “O negociador de café que era um português me olhou e soltou uma frase que eu não gostei”, conta Rafael. O português disse: “Eu pedi para você me trazer o Gasperin e vocês me vem com este Rafaelin. Sei não”, conta ele.

“Eu disse: eu fico aqui três meses. Se não aprovar, eu vou embora. Agora se aprovar você dobra meu salário. Ele topou”, diz ele. Foi por causa da provocação do português que o goleiro ficou na cidade. “Eles compraram o meu passe dois meses depois de eu chegar. Eu disse para o português: mas você não queria o Gasperin? O português riu e respondeu: eu queria contratar era você mesmo”, conta Rafael.

Em campo o goleiro caiu nas graças da organizada Galo Guerreiro. Em 1981, o Grêmio venceu o primeiro turno do Campeonato Paranaense e foi à final com o Londrina. Mas Rafael foi negociado com o Corinthians no meio da competição, e o Grêmio perdeu a final. Decisão que rendeu muito zum-zum-zum. Rafael diz que soube de boatos: “Mas como eu não estava lá, não tenho nada para dizer. Agora, se eu estivesse, o Grêmio seria campeão. Isto eu posso garantir”, diz ele. Talvez ele tenha razão. Ninguém ia brincar com um louco lá atrás.