Uma reportagem da revista Placar sobre o Coritiba do começo dos anos 70 apontava Oberdan Vilain como um dos segredos do time que tinha como ponto alto um ferrolho defensivo e a aposta nos contra-ataques mortais. O título da reportagem resumia o estilo do zagueiro: “Eu bato e eles fogem – No Coritiba, Oberdã espanta os atacantes no cacete”. Embora não fosse desleal, Oberdan reconhece que era duro. E as torcidas adversárias o homenageavam com adjetivos pouco lisonjeiros: carniceiro e cavalo eram os mais suaves. Oberdan não perdia sono com isso: “Muita gente chegou à seleção dando pau pra todo lado”. E ele tinha razão. Zagueiro não nasceu para brincar em serviço. “Comecei a jogar futebol no Coritiba. Em 1963. Tudo isto aconteceu por causa de uma amizade. O Sérgio Prosdócimo estudava no Colégio Catarinense, em Florianópolis, um internato muito conceituado. Como o meu pai morava em Florianópolis e o Sérgio era meu amigo, ele ia para minha casa e ficou muito amigo de meu pai, André Vilain. E quando terminamos o curso, o Sérgio ia voltar para Curitiba e então ele convidou meu pai para trabalhar na Prosdócimo. Meu pai aceitou e nós mudamos para Curitiba”, conta Oberdan.
“Neste período eu tinha quinze para dezesseis anos. Meu pai gostava de futebol, porque ele foi goleiro do Avaí nos anos 40. Mas o meu forte era o basquete e eu fui jogar no Clube Thalia. E foi aí que eu comecei a virar zagueiro. Eu tinha uma impulsão muito grande. E um amigo meu que também no Coritiba, o Antonio Prieto, foi quem insistiu para eu treinar no time juvenil do Coritiba. Eu fui. E tive a sorte de encontrar o Janguinho, que era treinador do time juvenil. Quando ele me viu jogar na zaga ele correu e disse: você pensa que é goleiro? Você nasceu para ser zagueiro. Foi assim que tudo começou”, conta ele.
“Em 1964, o Bequinha tinha uma lesão e eu fui para o time titular. Eu fiz minha estreia junto com o Raul Plassmann em 1964. Eu formava zaga com o Nico. Ele tinha aquele vozeirão e dizia: vai lá garoto, esta é tua. E eu nem discutia. Ele era forte, matava porco com um soco na testa, quem não tinha medo do Nico? No ano seguinte, em 1965, eu já estava no Santos jogando ao lado do Pelé”, conta Oberdan.
Goleiro
Em 22/03/1970, em sua segunda passagem pelo Coritiba, Oberdan teve que ir para o gol, porque Célio foi expulso. E ele defendeu um penalti. Este episódio aconteceu numa partida contra o Cianorte.