Na véspera da Copa do Mundo de 1974, Jairo estava no auge da carreira. O desempenho do goleiro do Coritiba era reconhecido por todos – cronistas, técnicos e torcedores. Mas o técnico da Seleção era Zagallo, que também era técnico do Flamengo, e fazia beicinho. Jairo recorda:
“Em 1973, fomos ao Maracanã e derrotamos o Flamengo de Zagallo por 1 x 0. Fui considerado o melhor em campo. Terminou o jogo, os jornalistas perguntaram para ele se ia me convocar e ele respondeu que o Jairo continuava o mesmo e não via razão em me convocar. No jogo seguinte, em Pernambuco, contra o Santa Cruz, ele estava lá e inclusive ficou no mesmo hotel em que a delegação do Coritiba ficou. Outra vez jogamos bem, ganhamos de 2 x 1, fui o melhor em campo e os jornalistas foram de novo perguntar se ele ia me convocar. Ele repetiu o que disse no Maracanã”, conta Jairo.
Zagallo não levou Jairo e levou Wendell, do Botafogo. Mas Wendell sofreu uma lesão, não disputou a competição e o técnico não convocou Jairo. Pesou também uma forte dose de superstição, pois na época ainda havia estigma contra os goleiros negros, por causa do que havia acontecido com Barbosa na decisão da Copa do Mundo de 1950, quando o Uruguai calou o Maracanã. Barbosa era negro e morreu esquecido e injustiçado.
Jairo não foi para a Seleção com Zagallo, mas foi com Osvaldo Brandão, que o treinou no Coritiba e no Corinthians. “Na Seleção, onde joguei duas partidas, ouvi muito a história de que goleiro negro não tinha vez, por causa do Barbosa. Sabe que eu vi aquele filme em preto e branco muitas vezes. Acho que o Barbosa não teve culpa. O cara entrou na pequena área e deu um petardo”, diz Jairo, sobre Barbosa e o preconceito que pesou sobre o goleiro do Brasil na Copa de 1950.