Marinho tinha um toque refinado desde pequeno. O técnico Sizico, das categorias de base do Britânia, percebeu e o levou para o Tigre, em 1968. Em 1970, ele deixou o Britânia para servir o Exército. O soldado agradou e foi convocado para a seleção do III Exército. Numa disputa nacional, foi convocado para a seleção do Exército Brasileiro que ia disputar com Marinha e Aeronáutica um torneio em Belo Horizonte. “Foi extraordinário, porque a base do Exército era quase toda de São Paulo e Rio”, diz. Marinho, que atuou com dois soldados que viriam a ser conhecidos no cenário nacional: o centroavante Adãozinho, do Corinthians e o ponta-direta Manoel Maria, do Santos.
Ainda em 1970, ele integrou a Seleção Paranaense Juvenil e fez o meio-campo com Dirceu, do Coritiba, que depois foi para o Botafogo e participou de três Copas do Mundo (74, 78 e 82) e uma Olimpíada (72). “Neste time também jogava o Levir Culpi”, recorda. Quando deixou o Exército, Marinho tentou voltar para o Britânia, mas o time estava envolvido na fusão com Palestra Itália e Ferroviário, que resultou no surgimento do Colorado. “O pessoal do Colorado não se interessou em manter a base do Britânia”, lembra.
Mas veio o ano de 1974, o técnico Geraldo Damasceno assumiu o Colorado e o preparador físico José Antônio Loyola ficou sabendo que tinha um Marinho arrebentando a bola na várzea. O cara não era tão novo assim: tinha 23 anos, estava empregado em banco, mas batia um bolão. Geraldino chamou Marinho para um teste no Colorado. “Eu fui lá, treinei, joguei e depois ninguém me disse nada. Ninguém me olhou. Achei que ninguém gostou e resolvi ir embora. Quando estava saindo, ouvi o pessoal gritando: Marinho, volta aqui”, recorda.
Ele havia sido aprovado no teste e o contrato estava pronto para ser assinado. “Quando eu fui ver o tal contrato, ia ganhar dez vezes mais do que ganhava no banco. Aí o olho cresceu. Assinei contrato e no primeiro jogo como profissional, um amistoso contra a Romênia, na Vila Capanema, em que a gente ganhou por 4 x 2, marquei o meu primeiro gol como jogador profissional”, diz. E assim Marinho se firmou no Colorado, seu futebol apareceu, cresceu e ele jogou até 1977, quando chamou a atenção do Operário de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que montava um timaço para disputar o Campeonato Nacional daquele ano.
Marinho fez parte do time que foi a grande surpresa da competição, que eliminou o Palmeiras nas quartas de final e foi para as semifinais contra o São Paulo. “Aí teve aquele jogo no Morumbi. O Serginho Chulapa matou a gente com dois gols e acabou com nossa alegria. Perdemos por 3 x 0”, recorda. Na realidade, o Operário segurou a partida até os 32 minutos do segundo tempo. Neca marcou aos 42 e Serginho fez o terceiro aos 48. O Morumbi estava tomado por 103.092 pessoas. Tem gente que acha até hoje que o juiz José Roberto Wright facilitou as coisas para os são-paulinos. No segundo jogo o Operário ganhou por 1 x 0, mas ficou fora da final pelo saldo de gols. Naquele ano, o São Paulo foi campeão nos pênaltis contra o Atlético-MG.
Marinho se lembra até hoje do time do Operário daquele ano: Manga, Paulinho, Biluca, Silveira e Escurinho; Edson, Roberto Cesar e Marinho; Tadeu, Everaldo e Peri. Ele ainda disputou o campeonato nacional pelo Operário no começo do ano seguinte. “Como haveria Copa do Mundo em 1978, o campeonato de 1978 começou assim que o de 1977 terminou”, recorda. Em seguida ele voltou para o Colorado e foi emprestado ao Guarani de Campinas. “O técnico Carlos Alberto Silva me viu jogar no Operário e me chamou para disputar a Libertadores de 1979”, diz. Era um time que tinha Neneca, Zé Carlos, Zenon, Renato, Marinho, Capitão e Careca, entre outros. O melhor time do Guarani de todos os tempos. Os bugrinos foram até a semifinal, quando acabaram eliminados pelo Olímpia do Paraguai, que se tornaria campeão da Libertadores e posteriormente do mundo, ao derrotar o Malmo FF da Suécia, p,or 1 x 0 e 2 x 1.