A legião Paraguaia

Mandaguari cruzou a fronteira para montar um esquadrão

No começo de 1956, o Mandaguari Esporte Clube decidiu botar uma equipe para valer em condições de enfrentar os rivais no Norte do Paraná e também no Sul. E importou uma legião de atletas paraguaios tarimbados que de cara chamaram atenção dos rivais para o time anil. O grupo era formado pelos paraguaios Felix Lezcano, Sosa, Escobar, Brum, Colmam, Melgarejo e Chulipa e pelo argentino Rubens Gimenes, que atuava em Assunção. Um dos primeiros registros deste time pode ser encontrado na edição de 15 de abril de 1956 de O Estado do Paraná. Era uma pequena matéria sobre o jogo na tarde daquele domingo do Coritiba contra o time do Norte. O texto falava de Mandaguari, “onde se encontra em formação um dos mais categorizados quadros do futebol do Paraná”. O jogo despertava interesse “dada à fama granjeada pelo conjunto paraguaio local”.

O jornal acrescentava que “o clube paranaense demonstrou mais uma vez o excelente plantel que possui, onde se alinham jogadores de renome internacional como Rubens Gimenes, Escobar, Sosa, Lezcano, Meragetto, Chulipa e outros”. O Coritiba era o campeão do estado, porque o campeão de 1955, que seria o Monte Alegre, ainda não estava decidido. O jogo em Mandaguari seria um simples amistoso de pré-temporada no estádio João Paulino Vieira Filho, mas o Coritiba pegou uma parada indigesta e acabou perdendo por 4 a 3, com direito a reclamação sobre um gol de Ivo no final da partida que não valeu porque o juiz João Liberato já tinha apitado o término da porfia. Os gols do Mandaguari foram marcados por Melgarejo, Chulipa duas vezes e Felix Lezcano. Os paraguaios deixavam o seu cartão de visitas.

Foi amistoso, mas no dia seguinte a imprensa em Curitiba chiou: “Esbulhado o Coritiba” e “Vitória arrumada do Mandaguari”. Começava ali uma pequena rivalidade que ia esquentar ainda mais quando os dois esquadrões, um na condição de campeão do Norte e outro na condição de campeão do Sul, na fórmula implantada a partir de 1957, fossem disputar o título máximo de 1960. Reclamações à parte, o time do Mandaguari tinha além de jogadores tarimbados, a famosa impetuosidade hispano-americana.

No dia 1º de maio, uma quarta-feira, o Mandaguari recepcionou o São Paulo. Era um teste sem igual. O tricolor vinha com força máxima, com exceção de De Sordi e Gino, que estavam a serviço da seleção brasileira. A partida terminou vencida pelos paulistas por 2×0, mas serviu para deixar claro que o Mandaguari a partir de então tinha equipe para disputar, pelo menos no território paranaense, em pé de igualdade com qualquer outra. Três jogadores paulistanos – Pé de Valsa, Vitor e Zezinho – saíram arrebentados diante da combatividade do Leão do Norte, como o Mandaguari ficou conhecido. Para ter ideia do time anil daquele tempo, basta dizer que a primeira competição reunindo clubes do Norte, disputada no final de 1957, teve o Londrina campeão e o Mandaguari como vice. Até ser campeão do Norte em 1960, o Mandaguari sempre esteve entre os primeiros na ponta da tabela em sua região. Era um time respeitado, impulsionado pela legião paraguaia, à frente da qual estava o habilidoso e impetuoso Felix Lezcano.

Passagem

No final dos anos 40, Lezcano foi para o Sporting de Barranquila, clube mediano da Colômbia fundado em 1950 e que nos quatro anos seguintes escreveria os seus principais capítulos na história do futebol colombiano.

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