Lendas Vivas

Levi Mulford carrega o futebol de várzea no coração

Em 1959, num jogo comemorativo dos 50 anos do Coritiba, o Santos veio jogar no Alto da Glória uma partida amistosa. O jornalista Albenir Amatuzzi, responsável pela editoria de esportes da Tribuna chamou Levi Mulford no alambrado e disse: “Dê um pulinho lá no vestiário do Santos, onde o Pelé está dando entrevista. Fale com ele e comece daqui em diante fazer cobertura do futebol profissional”. Levi Mulford disse: “Não. Eu não vou. Minha área é o futebol amador. Eu sou da várzea”. E não foi. Um detalhe: Pelé fora no ano anterior campeão do mundo e já era considerado um gênio do futebol mundial. “Acontece que eu achava e acho até hoje que minha área é o futebol amador. Ela é a minha paixão. E a coluna Suburbana está aí para comprovar o amor que eu tenho pelo futebol amador, pela várzea”, diz Levi Mulford, que hoje tem 86 anos.

Levi Mulford Chrestenzen nasceu no dia 6 de julho de 1929 no Juvevê, na Rua do Barão dos Campos Gerais, número 15, bem perto do estádio do Cimento Armado, campo do Coritiba até a construção do estádio Belfort Duarte. O campo continuou lá depois que o Coxa foi para o Alto da Glória. O velho estádio ficou primeiro para o Britânia Sport Club e depois para o Palestra Itália Futebol Clube. Mulford assistiu naquele campo as primeiras partidas do Coritiba. Estava com 9 anos.

Foi aí que ele virou coxa. Mas começou a jogar futebol nos times de base do Palestra, que naqueles anos se chamava Clube Atlético Comercial, por imposição do governo brasileiro e por causa da guerra. Foi jogar no campo do Palestra porque o campo ficava perto de sua casa e também porque o seu tio Pedrinho foi um dos ídolos históricos do “Nem que morra”, como o esmeraldino era conhecido. Mulford era ponta direita e não seria profissional como o pai ou um nome histórico dentro das quatro linhas do gramado como o tio Pedrinho. No entanto, poucas pessoas como ele viriam a conhecer a fundo a várzea curitibana desde os anos 40 até os dias de hoje. o Palestra onde fiquei dois anos e fui para o Coritiba, onde fiquei mais dois anos”, conta ele.

“Como servia na Base Aérea no Bacacheri onde fiquei de 1947 a 1950, um sargento da base chamado Castro, que era diretor do Cruzeiro de Morretes, me chamou para jogar por este time. Eu e mais dois jogadores da base, o Romeu e o Orlando, pegávamos o trem de manhã e jogávamos à tarde em Morretes. A gente dormia no Hotel Alpendre e depois voltava na segunda-feira para Curitiba”, diz ele. Depois que voltou a jogar em Curitiba, Levi Mulford continuou na várzea. Ele foi jogar para um time que ficava no bairro da base aérea: o Bacacheri Atlético Clube.

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