Houve um tempo em que ser campeão estadual era importante. Durante décadas o campeonato regional era a competição que consumia 95 por cento do calendário dos clubes brasileiros. Hoje não mais.  Nos anos 60, além dos campeonatos estaduais havia apenas a Taça Brasil, disputada pelos campeões estaduais. E o Torneio Rio-São Paulo para os clubes dos dois estados. O resto chupava o dedo. A Taça Brasil era levada a sério, mas era competição de tiro curto. Dava direito a disputar a Libertadores, que, naqueles anos, o melhor time do Brasil, o Santos, não fazia questão de disputar – preferia ganhar dinheiro com excursões pelo mundo afora. 

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A realidade começou a mudar em 1971 com o Campeonato Brasileiro. Até o ano 2000, os campeonatos estaduais foram perdendo importância para o Campeonato Brasileiro. E depois do ano 2000, os campeonatos estaduais viraram um problema para muitos estados, para muitos clubes (os grandes), embora fossem salva-vidas para pelo menos duas centenas de clubes sem calendários – os pobres clubes, os excluídos, sem direito a bolsa-futebol. A realidade hoje em dia é que clube sem calendário é time na sarjeta do futebol brasileiro. Se os salões de festas já não são dos melhores, levando em conta a sangria de craques que vão para o exterior, assim que largam a mamadeira e aprendem a dar um beijo na primeira Maria Chuteira que encontram pela frente, imagine só a sarjeta.

Era lá que o futebol das duas cidades estava. Os times de Londrina e Maringá ficaram à míngua durante muito tempo – nos últimos anos. O Londrina primeiro e agora o Maringá começaram a se destacar no cenário estadual – apesar da euforia, é pouco para as duas cidades. Para ter ideia, o Boa Esporte Clube de Varginha, está na Segunda Divisão do futebol brasileiro. As duas cidades paranaenses têm mais tradição. O Londrina no ano passado fez bonito, repetiu a dose este ano e o Maringá saiu direto da Segunda Divisão no ano passado para disputar o título este ano, garantir calendário para o segundo semestre – Serie D do Campeonato Brasileiro, juntamente com o rival do próximo domingo. No próximo ano, as duas cidades estão com pelo menos dois calendários garantidos – campeonato paranaense e Copa do Brasil. Isto, na pior das hipóteses.

Se Londrina e Maringá – uma ou outra ou as duas – se destacarem na Série D e garantirem vaga no ano que vem na Série C, pode parecer pouco para quem está na Série A e até para quem chora por não sair da Série B, mas é muita coisa para quem até pouco tempo capengava pelas tabelas. Não é um cálculo conformista – ao contrário. Veja o caso da Chapecoense que saiu de uma Série C no ano retrasado, foi para a Série B no ano passado e está na Série A este ano. O sonho existe. Sonhar é bacana, mas é preciso trabalho para pegar o sonho na padaria. A realidade é possível para quem trabalha e mostra serviço. Londrina e Maringá mostraram. Não podem parar. O título é apenas uma paçoca gostosa no meio do caminho. O importante é continuar caminhando e trabalhando – e vice-versa. O futuro pode ser melhor. Este é o melhor titulo que as duas cidades podiam conquistar – e já conquistaram. Domingo é apenas festa. Um pouco de choro para quem perder, alegria para quem ganhar, mas depois o trabalho continua. Ainda tem muito caminho pela frente.

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