O Indy Eleven é um time com nome bonito, como outros da North American League que não é oficialmente a Segunda Divisão nos Estados Unidos, porque lá, como acontece no Brasil e na Europa, não tem hierarquia de séries. No entanto, seria equivalente porque a principal liga é a Major League Soccer. Além de nome bonito, o Indy Eleven também tem uniforme bonito. Os estádios são pequenos, mas ajeitados, em sua maioria com campos de grama sintética. Mas para por aí. O time é lanterna da competição e até agora não ganhou uma partida. A situação do Indy Eleven não teria o menor interesse para o torcedor brasileiro e principalmente para o paranaense, não fosse uma curiosidade. É o clube atual de Kleberson.
O meio campista aos 34 anos joga com a camisa número 8 do Indy. Doze anos depois de estourar no Atlético e ser campeão do mundo. Ele sabe que é fim de carreira, mas de certa forma em câmera lenta e em bom estilo. Kleberson justifica sua presença nos Estados Unidos: “Estou feliz aqui. Me sinto bem no pais, fora de campo”, diz ele. Mas, ainda assim, não deixa de ser um degrau para baixo. No ano passado ele foi para os Estados Unidos para atuar no Philadelphia Union, clube que joga a Major League. Ou seja, ao se transferir para o clube atual, Kleberson decaiu mais um pouco.
Quando perguntam para ele quando pretende pendurar as chuteiras, o meia desconversa. É coisa que não está em seus planos. “Não sei quando eu vou parar. Pretendo continuar muito ainda”, diz, fazendo a ressalva de que não quer espichar a carreira tanto quanto faz “o meu amigo Paulo Baier”.
Sobre a situação de seu time atual, Kleberson diz que a diretoria está estruturando o clube, cuidando do marketing e de outros setores, para depois cuidar do futebol e do grupo de jogadores. “É o primeiro ano de nosso time e infelizmente nossa campanha não é boa”, diz ele. O Indy Eleven joga em campo de grama sintética, num pequeno estádio com capacidade para 12 mil pessoas. Mas isto não tem grande importância porque os jogos desta liga não são famosos por atrair grande público. Mesmo assim, Kleberson está otimista: “Quando eu vim para cá, foi com este objetivo, de ajudar. O clube projeta coisas boas para o futuro”, diz ele.
Assim ele vai empurrando a carreira, cujo fim ele vai esticando sempre para frente, como faz com a bola. Pode parecer decadência para quem foi contratado pelo Manchester United em 2003 por 6 milhões de libras. Mas a realidade é que Kleberson não vingou na Inglaterra. Tampouco deu certo na Turquia por onde andou. Ele voltou para o Brasil e passou por Flamengo, Atlético, Bahia. No meio disto tudo ainda foi convocado para disputar a Copa de 2010. Até que achou o caminho dos Estados Unidos. Não brilhou. É ruim? Ele não acha: “Indianápolis é uma cidade maravilhosa, voltada para o esporte. Estou muito feliz aqui”, disse ele sem cerimônias há algumas semanas ao UOL. Devagar e sempre, ele vai longe.
O outro
Na apresentação de Kleberson no Manchester United, outro jogador também foi contratado pelos Diabos Rubros: o nome dele era Cristiano Ronaldo, um jovem português com cara de bebê chorão. Mas “mister” Alex Ferguson não deu bola para ele. Tanto que ergue de forma efusiva o braço da grande estrela, o brasileiro Kleberson, então destaque da seleção brasileira pentacampeã. O tempo se encarregou de mostrar que a torcida do Manchester ia vibrar muito mais com o português, que deu mais alegrias ao clube vermelho – e que hoje ostenta o título de melhor do mundo na temporada passada.