História

Em 1970, aos 25 anos, Dirceu Krüger nasceu de novo

O episódio mais dramático da carreira de Dirceu Krüger aconteceu em 11 de abril de 1970, justamente no dia em que ele completava 25 anos. Era um sábado à tarde. O placar estava em branco e Krüger recebeu a bola de Werneck, dominou no peito e entrou na área. Ficou sozinho diante do goleiro Leopoldo, tocou a bola por cima, para encobri-lo e quando se afastou para ver se a bola estava entrando, chocou-se com o goleiro, que veio correndo em sua direção e acertou a barriga do jogador com o joelho.

A violência do choque foi tamanha que toda parte inferior da barriga subiu para a parte superior. Krüger tentou empurrar os órgãos internos para suas posições normais, mas desmaiou. Acordou depois no Hospital Cajuru e foi informado que suas alças intestinais haviam se rompido. O golpe foi tão violento que os médicos ainda estavam procurando a vesícula do jogador, que se rompeu. “Minha situação era crítica. Eu fiquei internado 70 dias. A maior parte com a barriga aberta, porque não podiam costurar enquanto a situação não se normalizasse. Para se ter uma ideia de meu estado, eu recebi duas extrema unção”, recorda.

A cidade ficou solidária com o jogador em seu drama, na luta para sobreviver e quem sabe voltar a jogar futebol. Até o então presidente do Atlético, Lauro Rego Barros, mandou rezar missa pela recuperação de Krüger. Torcedores fizeram romaria. Ele continuou a jogar futebol, e a marcar gols, até o começo de 1976.

Por que parou?

“Desde o acidente eu passei a jogar com uma cinta elástica para proteger a área do intestino. Mas em 1975, um jogador adversário bateu sem querer com a mão naquela região e eu senti uma dor terrível, igual a do acidente que eu tive cinco anos antes. Foi então que comecei a perceber que cada vez que jogava ou treinava eu estava colocando minha vida em risco. Além disso, os remédios que eu tomei para me recuperar me prejudicaram a visão. Em 1976, eu parei sem jogar, sem fazer um último jogo. Me despedi num jogo contra o Atlético. Ganhamos de 1 x 0. A minha despedida foi aqui no Couto Pereira e eu dei uma volta olímpica.”

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