Para Waldemiro Galalau, o Furacão começou a nascer em 1948. “O título daquele ano não seria nosso, mas podia ser do Coritiba”, recorda. Para o campeonato de 1948 ficar dramático tinha que haver jogo decisivo entre Atlético e Coritiba na rodada final. Se o Coritiba ganhasse, seria campeão. Se o Atlético ganhasse, o campeão seria o Ferroviário. “Aí apareceu um sujeito aqui em casa antes do jogo dizendo que ia me dar um monte de dinheiro para eu facilitar as coisas. Eu conhecia ele. Era torcedor do Coritiba. Não sei se estava agindo pelo clube ou por ele mesmo. Eu fiquei nervoso. Aí perguntei: então cadê o dinheiro? Ele ficou enrolando. Então, no dia do jogo, 26 de dezembro de 1948, um domingo, no começo da partida, eu estava tão nervoso que o Babi veio na minha direção e eu dei um chute tão forte na bola que ela quebrou três cadeiras de pista. Mas aí a gente fez 3 x 0 e eu fiquei calmo de novo. Mas, de repente, o Coritiba começa a fazer gols. O Nilo fez três pênaltis. O juiz era o Mário Viana, um ladrão e mal intencionado. Eu senti que ele estava na gaveta. Aí o jogo caminha para o final e eu cheguei para o Rui, que era meia-direita e disse: Rui, não vamos deixar estes caras ganhar. Vamos fazer um-dois e ganhar o jogo. Faltavam 8 minutos. Eu arranquei, fiz um-dois com o Rui. O Fedato veio com tudo, segurei a bola e ele escorregou. Eu toquei para o Rui, que estufou as redes. Ganhamos por 4 x 3 e o Coxa não foi campeão. Isto foi em 1948. O Ferroviário ganhou. Naquele tempo o time já era bom. Mas a base do Furacão de 1949 nasceu neste ano, em 1948. No ano seguinte nós fomos de talo erguido e o nosso time passou por cima de todo mundo”, afirma.
Sem joelhos
Hoje, Galalau gostaria que os tempos de ouro de seu futebol tivessem preservado os seus joelhos. “Eu arrebentei os dois joelhos no futebol. O primeiro eu arrebentei num jogo da Seleção Paranaense contra os gaúchos, em Porto Alegre, em 1950. Foi tão terrível que fiquei oito meses sem jogar. Um dia destes eu caí aqui em casa, por que pisei no chão com o pé direito e foi como se eu não tivesse joelho, como se ele tivesse desmanchado. Por isso que eu ando mancando.
Quanto ao joelho esquerdo, ele lembra que estourou num jogo contra o Cruzeiro de Porto Alegre.