Lendas vivas

Desde que assumiu a braçadeira, Hidalgo nunca mais deixou de ser capitão

Galvão Bueno costuma dizer que existem dois jogadores no futebol brasileiro que tem o nome ligado à patente de capitão. Ou seja, de comandante do time em campo. Um é Carlos Alberto Torres, capitão do Tri. O outro é Hidalgo, do Coritiba, que hoje completa 71 anos. Hidalgo assumiu a braçadeira em 1971 no lugar do veterano e robusto zagueiro Nico.

Mas a distinção não aconteceu de uma hora para outra. Foi construída ao longo do tempo. Começou, claro, com a escolha para liderar em campo. “Eles entenderam que eu era o cara que tinha a qualidade para ser capitão. Eu tinha força junto ao Evangelino e também tinha um bom relacionamento com a imprensa. Foi meio natural”, diz ele.

Ser capitão de um time é algo normal e natural. Mas ser conhecido fora de campo como capitão não é tão comum. Hidalgo diz que isto não nasceu no grupo e sim na imprensa de Curitiba, principalmente. “Eu acho que quem começou com isso foi o Fuad Kalil, na Rádio Cultura. Depois o Airton Cordeiro também encampou e aí os outros também adotaram e quando eu fui ver ela acabou pegando”, diz ele.

E Hidalgo virou capitão dentro e fora de campo. Quando pendurou as chuteiras em 1975 e ingressou na crônica esportiva, ele levou a patente consigo – patrimônio acumulado numa carreira como jogador de um dos melhores períodos do futebol brasileiro.

Só no Coxa, Hidalgo ganhou cinco títulos paranaenses, Torneio do Povo, Fita Azul pela excursão ao exterior e conquista de vários torneios. Nada mal para quem chegou com 27 anos, dez anos de carreira e esperança de voltar para São Paulo para conquistar projeção nacional. “Eu fiz parte do melhor time do Coritiba. Aquele time de 1973 era simplesmente sensacional”, diz ele. Eu perguntei: “E houve no Paraná outro time melhor que aquele?”. Hidalgo faz um esforço para responder. Mas responde: “Não”. E ele comandou aquele timaço. Não é para qualquer um.
Ao pendurar as chuteiras em maio de 1975, Hidalgo passou a integrar a equipe esportiva da rádio Cultura e construiu nova e longa carreira em Curitiba. A Equipe Positiva, formada por ele e por Lombardi Junior, primeiro na rádio Universo e depois na rádio Clube Paranaense, fez história no rádio paranaense.