Lembranças

Colunista do Pron relembra os tempos de ‘Pedrinho Bamba’

O nome de Pedro Pereira do Nascimento é apenas ‘Tio Pedrinho’ para o jornalista Levi Mulford. Pedro Pereira que em seus anos crepusculares foi proprietário da Sapataria do Canhoto, foi um grande craque do futebol paranaense. Canhoto era o seu nome nos campos de futebol. “Meu pai, Rodolpho Chrestenzen, o seu irmão Edwin e o Pedro Pereira que veio a ser o meu tio Pedrinho, porque ele se casou com a minha tia Ana Zaninelli, que era irmã de minha mãe Elvira Zaninelli, começaram a jogar futebol no Elite, do Ahú, que veio a dar origem ao Operário do Ahú”, conta Mulford. “Do Elite, meu pai e o tio Pedrinho foram para o Coritiba. Acontece que meu pai ficou no Coritiba e tio Pedrinho foi para o Palestra. E lá ele ganhou tudo o que podia”, acrescentou.

Canhotinho, como o pai de Mulford era conhecido, jogou até meados dos anos 20 e parou com a bola. “Ele preferiu se concentrar no trabalho. Ele trabalhava na Sapataria Muggiati, onde trabalhou até se aposentar”, conta Mulford. Quanto a Canhoto, ele continuou com a bola e foi um dos principais jogadores paranaenses dos anos 20 e 30 e um dos destaques do Palestra Itália Futebol Clube, que ganhou três títulos estaduais.

Canhoto pendurou as chuteiras e continuou com o futebol, agora na condição de árbitro. E como árbitro entrou para a história do futebol paranaense ao apitar uma desastrada partida que precipitou a única conquista de um título estadual por WO. No dia 18 de agosto de 1940, numa partida entre Britânia e Atlético, apitada por Ataíde Santos, estava em jogo a disputa do segundo turno. O Ferroviário havia conquistado o primeiro turno e ia decidir o título com o campeão do segundo turno. Primeiro tempo do jogo entre Atlético e Britânia terminou sem gols. No segundo tempo o goleiro Caju reagiu a uma entrada do atacante Joãozinho e os dois foram expulsos. O jogo esquentou e o juiz foi expulsando os mais exaltados a um ponto em que o Atlético ficou com 9 em campo e Britânia com 8.

“O jogo ficou com cara de uma pelada. O Britânia foi para cima. E perto do final a bola saiu e o Caju pegou e furou. Como naquele tempo era difícil arrumar uma bola, o Britânia que estava sufocando o Atlético, esfriou. Quando recomeçou a partida, o Atlético tirou vantagem numérica e do adversário esmorecido e enfiou um gol atrás do outro e ganhou por 5×1”, conta Mulford. Mas o pior ainda estaria por vir. E aconteceu no dia 6 de outubro quando Canhoto, ou o juiz Pedro Pereira do Nascimento, estava com o apito na mão. Era um clássico CAP-CAF. Se o Ferroviário ganhasse, levaria o turno e o campeonato. Se o Atlético ganhasse, levaria o turno e iria disputar uma melhor de três com o Boca Negra. O jogo estava empatado em 2×2 quando, aos 35 do segundo tempo, Ari Carneiro fez o terceiro gol – o do título do turno e do campeonato. Todo mundo viu o gol, menos o juiz Pedro Pereira que apitou impedimento. Foi o maior sururu.

O Ferroviário, revoltado, abandonou o campeonato. O último jogo do turno contra o Britânia teve vitória do Tigre por WO. O Boca Negra se recusou a disputar melhor de três partidas para decidir o título da temporada e o Atlético foi declarado campeão daquele ano por WO. “Tudo por conta daquele gol que Tio Pedrinho anulou”, conta Mulford.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna