O Atlético Paranaense fez bonito no Roberto Gomes Pedrosa de 1968. Venceu Santos, Corinthians, Fluminense, Internacional, Portuguesa de Desportos e o Náutico, além de empatar com Grêmio, Flamengo, São Paulo, Bahia e Bangu. Nunca um time paranaense foi tão longe – e podia ir mais ainda não fossem as arbitragens consideradas tendenciosas. Célio avalia que o Atlético foi prejudicado pelos homens de preto. Com um detalhe: nas duas ocasiões em que isto aconteceu, o estrago foi cometido no Durival de Brito e Silva, em Curitiba.

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“No jogo contra o Atlético Mineiro, na noite de 9 de outubro, o juiz interferiu de forma direita. Bellini calçou a bola e ele deu pênalti”, diz Célio que estava no gol rubro-negro na derrota contra o Galo Mineiro. “Depois do jogo, os torcedores ficaram inconformados e começaram a jogar cadeiras em cima dele”, diz Célio. Para ele, o mesmo ocorreu na partida contra o Vasco da Gama no dia 23 de outubro. As duas pelejas terminaram em 3 a 2 para os adversários. Resultados que revelam a dureza dos prélios. “Se não perde estes dois jogos, teria ido muito mais longe, porque o time do Atlético era muito bom”, garante.

No entanto, o jogo contra o Atlético Mineiro deixou uma sequela para o goleiro. O resultado não foi digerido pelo técnico Nestor Alves da Silva, que resolveu tirar Célio do gol no jogo seguinte, a ser disputado numa quinta-feira à noite, dia 17 de outubro de 1968, no Mineirão, contra o Cruzeiro. Mas se o técnico achou que o problema estava no gol, ele se enganou. E feio. O Atlético perdeu de 4 a 1 para o Cruzeiro com direito a dois gols de Tostão e mais um de Dirceu Lopes e outro de Evaldo. Sicupira descontou para os paranaenses. E o prejuízo acabou na conta do técnico. O presidente do Atlético, Ernâni Santiago de Oliveira, ficou enfurecido e destituiu o técnico.

A imprensa em Curitiba fez festa e noticiou: “Técnico tira Célio e presidente tira o técnico”. O resultado da alteração foi que no jogo seguinte, no dia 20 de outubro, um domingo, na Vila Capanema, o Atlético meteu 4 a 0 no Corinthians. Jogo histórico. Quem pagou a conta foi o goleiro Lula, do Corinthians. Até o lateral Nilo fez gol. Se havia problema, ele não estava no gol. Este é um dos muitos episódios que revelam porque Célio Maciel é um dos maiores goleiros do futebol paranaense.

No Britânia

Arquivo
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Em Curitiba, Célio foi jogar no Britânia. “Cheguei em janeiro 1957”, diz ele. Mas a sua estreia foi no final do ano. No dia 15 de dezembro de 1957, numa derrota do Tigre para o Guarani Esporte Clube, de Ponta Grossa, no estádio Joaquim Américo. A estreia de Célio aconteceu porque o goleiro Adailton não quis mais jogar. “O campo ficava no Guabirotuba e para chegar lá era complicado. A gente pegava um ônibus até o antigo jóquei e depois ia a pé por um caminho até o campo, que era só de treinamento.

Era bem acanhado. Era uma grande dificuldade”, diz ele. Célio ficou cinco anos no Britânia. Do início de 1957, até o fim de 1962. E quem tirou Célio do Coritiba foi o técnico Hortêncio Souza.

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