Hidalgo, jogador com forte identidade com o Coritiba, durante alguns meses de 1970 vestiu por empréstimo a camisa do Atlético. Naquele ano, além dele, o Rubro-Negro também contou com o lateral-direito Hermes, que tinha acabado de chegar do Santos para integrar o time alviverde do Alto da Glória. A prática era comum.

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Depois que o Ferroviário passou vexame na primeira participação paranaense no torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1967, os clubes de Curitiba fizeram acordo de cavalheiros: o representante paranaense no torneio teria direito de emprestar dois reforços dos dois oponentes principais que não foram escolhidos. Assim, em 1970 o Ferroviário cedeu o goleiro Paulista e o zagueiro Gibi. Em 1968, o Coritiba havia cedido para o mesmo Atlético o goleiro Célio e o lateral Nilo, assim como o Ferroviário cedera Madureira, destaque do time na competição.

Sobre a experiência, Hidalgo diz que para ele “foi ótimo”. “Fiquei contente. Eu encarava não como fosse o Atlético, mas como um time que representava o Paraná, como fosse a seleção do Estado. Joguei sete ou oito jogos até que numa partida em Recife contra o Santa Cruz eu machuquei o joelho e fiquei fora dos jogos restantes”, diz ele. Na época chegou a correr fofoca de que ele simulou a contusão para integrar a delegação do Coxa que programava excursão para o México. Mas como ele não foi com a delegação, a coisa parou por ali. No entanto, Hidalgo virou capitão do Coxa no ano seguinte e acha que seria difícil ocorrer algo parecido se no ano seguinte a fórmula se repetisse.

A lição que ele tira desta experiência e de outras dos anos 40 e 50, quando havia o Brasileiro de Seleções, é a de que o País deveria voltar a organizar os campeonatos de seleções estaduais. “Poderia ser num formato mata-mata, pegar treinador e comissão técnica local, jogadores locais que estão em evidência, seria uma competição para ser realizada no começo do ano, durante os meses de janeiro e fevereiro, sem prejuízo do calendário atual”, diz ele, que vê o futebol brasileiro num estágio de decadência.

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As mudanças tinham que começar na entidade máxima. Hidalgo acha que a CBF deveria destinar 50% do faturamento para os clubes. E que a Rede Globo deveria destinar melhores cotas para os clubes que produzem os espetáculos que a rede transmite. Quanto a CBF, ele acha que a confederação lucra com a seleção e não retribui para os clubes. “A CBF usa os melhores jogadores para fazer dois jogos, pega o dinheiro e não dá nada para ninguém. Estas coisas estão erradas”, diz ele.