Bellini foi capitão da Seleção também em 1962

Em 1962, quando o Brasil partiu para o Chile para defender o título de campeão mundial, Bellini estava quatro anos mais velho – como todos os outros jogadores da equipe campeã de 1958, que foram convocados pelo técnico Aymoré Moreira. Mas ele seria o capitão, embora o reserva Mauro, mais técnico que Bellini, estivesse melhor – e arrasava nos treinamentos. Ao ser informado pelo técnico Aymoré Moreira de que, embora estivesse melhor que todos, ficaria na reserva, Mauro não se conformou. Ele foi reserva de Pinheiro, na Copa de 1954, e de Bellini, em 1958. A Copa de 1962, com ele às vésperas dos 32 anos, seria a última. Mauro decidiu que ou jogava ou voltava para o Brasil. Ninguém esperava isso.
 
Aymoré, para escapar de confusão, tirou o dele da reta e disse: ‘Era isso que eu queria ouvir, Mauro. O titular será você. E será também o capitão.’ Mauro se escalou no grito, Aymoré engoliu calado e a bomba ia estourar na Seleção, imaginando que Bellini não ia gostar. Assim que todos souberam, incluindo jogadores e dirigentes, era unanimidade de que aquela crise ia acabar com a Seleção. Mas Bellini resolveu tudo diplomaticamente. Chegou para Aymoré e disse: ‘Acho justo. Agora é a vez do Mauro’. E ficou por isso mesmo.
 
Todo mundo se admirou. Até Mauro ficou espantado. Do Chile em diante, Bellini e Mauro passaram a ver-se como irmãos. Durante 40 anos, até a morte de Mauro, em 2002, foram os melhores amigos um do outro.

Ele quase foi pra Hollywood

A fama de Bellini era de um homem bem apessoado. No Rio de Janeiro, dizia-se que havia três homens bonitos no mundo: Alain Delon, Tom Jobim e Bellini. Aliás, para que não reste dúvida quanto à afirmação, quem disse foi um dos maiores conquistadores de garotas do Rio de Janeiro, o jornalista Ronald Bôscoli.
 
Depois que o zagueiro voltou campeão da Suécia, se o assédio era insuportável para os outros jogadores, imagine para o capitão boa pinta do time! Bellini virou garoto-propaganda, foi convidado pelo diretor Lima Barreto a fazer cinema (o papel Quelé do Pajeú, que foi para Tarcíso Meira, era para ser do zagueiro) e chegou até a fazer teste beijando a bonitona Rossana Ghessa.

Bellini também virou galã de fotonovela. Ruy Castro, que sabe o que fala, garante que o poderoso empresário Harry Stone, representante no Brasil da indústria americana de cinema, tentou a todo custo levar Bellini para a Tweenty Century Fox, em Hollywood. Stone o via contracenando com Carol Lynley, Diane Varsi ou Lee Remick, as jovens estrelas da Fox naquele ano. Mas o Vasco da Gama – que já tinha recusado uma proposta do Real Madrid pelo passe de seu capitão – não o liberou e Bellini também não fez força para dobrar os cartolas. Mas que se ele quisesse, o futebol teria perdido um craque e o cinema ganhado um galã.

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