Bellini foi o primeiro capitão campeão do mundo a levantar a taça de campeão mundial sobre a cabeça, com as duas mãos. Na época, a taça era a Jules Rimet. O gesto, hoje repetido por todo capitão de seleção que ganha a Copa do Mundo, e mesmo por jogadores que ganham qualquer torneio de futebol, nasceu por acaso. O capitão conta que ‘não foi nada programado’.

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Com sua simplicidade, e sem afetação, Bellini confessa que o gesto nasceu porque os fotógrafos pediram que ele levantasse a taça. Na realidade, a verdadeira história é a seguinte: os fotógrafos Jader Neves, da revista Manchete, e Luiz Carlos Barreto, de O Cruzeiro, além de outros profissionais brasileiros na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, não eram homens baixos. Longe disso. No entanto, seus colegas europeus eram muito maiores. E Bellini tinha 1,82m. Resultado: os brasileiros não conseguiam ver a taça direito e muito menos fotografá-la para as suas revistas. Por isso, começaram a gritar em português: ‘Levanta, Bellini! Levanta!’. Bellini os atendeu. Ficou eternizado o gesto. Bellini ainda seria bicampeão no Chile, em 1962, mas na reserva de Mauro, que repetiu o seu gesto.
 
Aliás, Mauro Ramos de Oliveira, que tomou seu lugar de capitão na Seleção, e a quem o substituiu no São Paulo, foi um dos grandes amigos que o zagueiro teve. Era considerado uma espécie de irmão e não rival. Tanto que depois da morte de Mauro em 2002, Bellini que já era meio arredio, fechou-se ainda mais em seu silêncio.

Destino Interlagos

Naquele dia 20 de julho de 1969 chegava ao fim a carreira de um dos maiores zagueiros brasileiros de todos os tempos. Bellini estava com 39 anos. Era o ponto final de uma trajetória que começou nos anos 1940. Estava escrito um importante capítulo na vida do garoto que nasceu no dia 7 de junho de 1930 na cidade de Itapira, no interior de São Paulo, e que começou a jogar futebol no Itapirense, de sua cidade natal. Um garoto que muito cedo estava decidido a ser jogador profissional e que era titular em todas as equipes que defendia. Aos 19 anos, jogava sério e impressionava por sua determinação e vigor. A estas duas virtudes, somavam-se outras: excelente impulso, vigor físico, ótimo posicionamento, espírito de liderança e incansável vocação para treinar. Tudo isto fez dele um jogador vencedor.
 

Arquivo
Bellini, recebendo a taça de campeão de 1958: momento histórico.
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O primeiro a ver tudo isto foi o olheiro Mauro Xavier de Souza, que o levou numa madrugada para São João da Boa Vista-SP. Mauro acordou o presidente do clube, Francisco de Bernardes, e disse que tinha uma joia rara para mostrar. Era um zagueiro. Bernardes queria dormir e não queria saber de zagueiro joia rara, porque ele já tinha um em seu time, o Sãojoanense: era Mauro Ramos de Oliveira. O excelente zagueiro estava sendo cobiçado pelo São Paulo e viria a ser capitão da Seleção Brasileira no bicampeonato no Chile, além de ter participado das Copas do Mundo de 1954 e 1958.
 
Mas Bellini acabou impressionando o presidente do time do interior, foi para o Sãojoanense em 1949 e ficou três anos no clube paulista. Embora jogasse pela segunda divisão paulista, chamou atenção dos grandes clubes da capital. Mas não foi nenhum grande de São Paulo que levou o jogador. Quem o contratou foi o Vasco da Gama. Ele chegou a São Januário em 1952. O técnico Flávio Costa gostou do jogador e deu a ele um acabamento técnico. Aconselhou Bellini a jogar sério e sem frescura, no estilo ‘bola pro mato que o jogo é de campeonato’. Foi jogando assim, sem enfeitar, que ele conquistou a torcida vascaína e permaneceu em São Januário dez anos, conquistando três títulos, estaduais e duas Copas do Mundo.

Daquele time campeão da Copa do Mundo de 1958, Bellini era considerado o que menos técnica tinha. Em compensação, o que tinha mais vigor e o que menos tinha medo de cara feia. Bellini é considerado ainda hoje o maior zagueiro do Vasco da Gama de todos os tempos e também o maior capitão da história do time cruzmaltino. Em 1962, ele foi vendido para o São Paulo, entrando no lugar justamente de Mauro Ramos, aquele um do Sãojoanense, que foi para o Santos Futebol Clube. Depois de seis anos no São Paulo, Bellini foi atraído pela proposta de encerrar a carreira com o amigo de Seleção, Djalma Santos, no Atlético Paranaense.

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