Segundo estudo, pais e a indústria de entretenimento devem aplicar medidas de restrição de visualização de personagens fumantes aos jovens
Estudo que analisou fatores de risco que levam crianças à experimentarem o cigarro e outras drogas psicoativas revela que ver frequentemente na mídia pessoas que fumam está entre as causas para a sua experimentação. O estudo fui conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e está publicado nos Cadernos de Educação, Saúde e Fisioterapia.
Segundo o trabalho, no Brasil, existem políticas e portarias públicas de saúde que procuram evitar a propaganda e exposição do cigarro para menores de idade. Por exemplo, explica o texto, a Portaria Interministerial nº 477, de 24 de março de 1995, adverte às emissoras de televisão aberta que evitem a transmissão de personalidades popularmente conhecidas fumando. No entanto, ressalta o trabalho, a lei não abrange a mídia paga.
“Observa-se que a mídia cinematográfica ainda contribui para a exposição de personagens tabagistas, que podem influenciar o uso do tabaco por crianças e adolescentes, demonstrando uma fragilidade nas Políticas de Controle do Tabaco, dado que não há restrições para a exposição de fumantes nos cinemas e na televisão fechada”, diz o texto.
Segundo o estudo, existe um aumento do risco duas vezes maior de experimentação de cigarro em crianças que tiveram maior exposição ao fumo a partir de filmes norte-americanos, independentemente de outros fatores de risco para o tabagismo. “A exposição a filmes que incitam o uso do tabaco entre as diferentes culturas pode ter sérias implicações para a saúde pública. Além disso, estudos mostram que a visibilidade de personagens fumantes na televisão aberta ainda acontece frequentemente ou muito frequentemente pela população brasileira”, dizem os autores no artigo.
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Os resultados também mostram que crianças e adolescentes associam os personagens fumantes dos filmes ao poder, à riqueza e à beleza. “Para um iniciante, fumar um cigarro pode significar um ato simbólico de independência e poder, o que pode contribuir diretamente com a vontade de fumar, visto que muitos dos entrevistados relatam sentimento positivo ou de indiferença quando perguntado sobre a hipótese de ser visto fumando por um amigo por aqueles que já fumaram”, dizem.
Para os autores, uma medida de prevenção é a restrição continuada por parte dos pais no controle do que os filhos assistem. Além disso, o estudo destaca o papel da indústria de exibição: “as lojas de filmes e os teatros devem, também, aplicar políticas proibindo que crianças menores de idade aluguem ou assistam filmes e peças sem acompanhamento dos responsáveis”, diz o estudo intitulado “Fatores socioambientais e mídia: exposição e influência ao tabagismo e uso de drogas na infância”.
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)
