Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é cenário, no último final de semana, de uma demonstração de levitação para veículos sobre trilhos, em um projeto que poderá ser utilizado para o transporte urbano. Segundo Roberto Nikolski, pró-reitor de Extensão da Universidade Estadual da Zona Oeste, no bairro de Campo Grande, e diretor da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), a aplicação é mais barata que a de outros sistemas de trens rápidos.
Nikolski, professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde iniciou o projeto na década de 1970, explica que o objetivo da pesquisa foi construir um veículo apropriado para uso urbano, que não emitisse gás carbônico, não produzisse ruído e que pudesse virar em uma esquina. “O veículo levita sobre uma pista de ímãs, que gera um campo magnético e repele as cerâmicas supercondutoras que estão no veículo”, disse o pesquisador.
Em lugar de rodas, o veículo tem sapatas com cerâmicas supercondutoras resfriadas com nitrogênio liquido, considerado por ele extremamente barato. “Esse nitrogênio está a uma temperatura de menos de 196 graus centígrados. Nessa temperatura, a cerâmica adquire uma propriedade extraordinária. Ela repele um campo magnético que se queira aplicar nela”, explicou o professor.
Os testes técnicos começarão na quarta-feira (1º), no campus da UFRJ, com o acompanhamento dos participantes da 22ª Conferência Internacional sobre Sistemas de Levitação Magnética e Motores Lineares – Maglev 2014, que começa amanhã (28), no Hotel Windsor Atlântica, e vai reunir mais de 100 especialistas nacionais e estrangeiros.
Para os testes, segundo o professor, a universidade montou uma pista de ímãs de 200 metros de extensão para que os especialistas nacionais e estrangeiros possam verificar o funcionamento do trem. “A partir daí, vamos, durante três meses, definir os parâmetros operacionais, como aceleração, frenagem, rigidez eletromagnética do carro. Isso definirá parâmetros e inclusive custos operacionais, que são baratos, porque o nitrogênio sai do ar”, contou.
O professor garantiu que o sistema é seguro. “Não há risco nenhum, porque os ímãs só atraem materiais com ferro. O trem opera em calha fechada e nem veículos e nem pessoas podem cruzar. Ele opera suspenso”, esclareceu.
Quem participou, segunda-feira (27), da demonstração, gostou do que viu. “Pode ser uma alternativa muito boa para a cidade. Estou torcendo para que dê certo”, disse o fotógrafo Rob Curvelo. O evento tem entrada franca e termina às 17h deste domingo, no canteiro central da Avenida Atlântica, na altura da Praça do Lido.