Um cientista brasileiro identificou três novas espécies de pterossauros – um grupo de raros répteis voadores pré-históricos -, revelando que esses animais podem ser mais antigos do que se imaginava. Um dos maiores especialistas do mundo em pterossauros, Alexander Kellner, pesquisador do Museu Nacional (UFRJ), demonstrou que um dos gêneros existentes, o Eudimorphodon, correspondia a três gêneros e espécies distintos.
Segundo ele, isso significa que os pterossauros estavam bastante diversificados há 220 milhões de anos, bem antes do que se pensava, segundo estudo publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências. “Imaginávamos que havia poucos grupos de pterossauros no Triássico, mas demonstramos que a diversificação desses animais já estava em curso nessa época. Portanto, a origem dos pterossauros é mais antiga do que havia sido estabelecido. Com certeza, pelo menos 10 milhões de anos.”
Para fazer a descoberta, Kellner estudou as características ontogenéticas – variações morfológicas entre indivíduos mais jovens e mais velhos – de fósseis achados em diferentes regiões do mundo. Características dos dentes foram fundamentais para a revisão da classificação.
A análise mostrou que o fóssil de um suposto Eudimorphodon, achado na Groenlândia, era um animal bem diferente, que foi batizado de Arcticodactylus cromptonellus. “Era um animal dos mais primitivos e bastante estranho: pequeno, com asas curtas em relação às pernas”, disse Kellner.
Outro fóssil, encontrado na Áustria, foi batizado de Austriadraco dallavecchiai. “Ele tinha uma abertura na mandíbula que nunca havia sido documentada em pterossauros, um indício de que esses animais podem estar mais próximos dos dinossauros do que dos lagartos.” Um fóssil descoberto na Itália foi chamado de Bergamodactylus wildi. “É o mais complexo: um animal pequeno, com dentes grandes e pontiagudos e olhos amplos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.