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Peterson Rosa, o fera das ondas, nasceu mesmo em Matinhos

No dia 12 de outubro de 1984, o Sr. Silvio Hoogevoonink, funcionário da Procuradoria Federal da República em Curitiba e descendente de holandeses, alemães e poloneses, alemães, comprou um relógio Cosmos com sete pulseiras (o usuário trocava de pulseira de acordo com o gosto) de presente para o neto Peterson, que tinha 10 anos. O relógio fazia sucesso na época e o velho queria agradar o garoto na passagem do Dia das Crianças. Afinal, ele e a mulher, Iracema Luiza Teodoro, tinham o neto como filho porque o criavam desde os primeiros meses, quando o garoto deixou o Guarujá, onde nasceu, para morar com os avós em Curitiba e posteriormente em Matinhos.

“Aos sete meses eu peguei uma infecção e meu pai era humilde. Por isso fui morar com meu avô. O plano era voltar dois anos depois. Mas quando foi para eu voltar, o meu pai e minha mãe tiveram mais dois filhos e assim acabei sendo criado pelos meus avôs. Em 1982, meu avô foi aconselhado pelos médicos a morar no litoral, porque sofria do coração. E foi assim que eu vim para Matinhos, porque meu avô sempre vinha para cá”, diz Peterson Rosa. O sonho do garoto, depois que mudou para o litoral, era comprar uma prancha de surf. “Mas meu avô não queria. Ele queria que eu estudasse Direito e fosse trabalhar na Procuradoria Federal da República, como ele. E minha avó queria que eu fosse médico”, diz.

Por isso o velho ficou uma fera de bravo quando no final do dia 12 de outubro o neto apareceu em casa com uma prancha de surf embaixo do braço. Ele queria saber como conseguiu. “Foi simples. Eu cheguei para o meu amigo Paulo Borges, o Véio, que estava vendendo a prancha. Eu perguntei se ele trocava com o relógio e ele topou”, disse o garoto. O velho enfureceu. “Eu levei uma surra. Meu avô, que eu chamava de pai, disse que Véio me enrolou. Ele trancou a prancha no banheiro por uma semana. Eu dizia para ele: pai, com essa prancha eu vou comprar um monte de relógios como aquele que você me deu”, conta Peterson. O velho não acreditava. E respondia: “Você vai ser um surfista maconheiro e vagabundo com esta prancha, isto sim”.

O velho só sossegou quando os irmãos Jamil e Jamo, precursores do surf no Paraná e seus vizinhos, o convenceram do contrário. Ele liberou a prancha de Peterson que foi para a praia e começou a ganhar prêmios. “Ele ficou assustado por que eu sempre fui meio pequeno e ele tinha que me ajudar a trazer os prêmios para casa. Ele começou a gostar e foi aceitando”, conta Peterson. Aos 13 anos, a vida do garoto era inteiramente dedicada ao surf. Aos 15 anos, involuntariamente, se profissionalizou. “Meu pai, que era meu avô, não acreditava. Eu ganhava com patrocínios da Ciclone e da Company do Rio e da Gerry Linden de São Paulo oito vezes mais do que ele na Procuradoria. Na época era o equivalente a dezesseis vezes o salário mínimo”, diz. Um ano depois o garoto disputava competições na Europa. Ele tinha virado uma fera das ondas.

Profissional

“Eu já tinha conseguido dois títulos brasileiros em categorias amadoras. O dono da Cíclone, Roberto Valério, me mandou para a Europa. Quando eu fiquei em duas competições entre os 32 classificados, ele viu que eu tinha potencial. No entanto, eu era amador. Eu era muito novo e queria ganhar experiência no circuito amador. Por isso não pegava o dinheiro da premiação que era em dólares. Deixava para a competição, para as entidades que promoviam. No entanto, como eu não fui com muito dinheiro para a Europa, em Portugal o dinheiro acabou e eu peguei o dinheiro do prêmio. E foi assim que eu me profissionalizei”.

Peso pesado

A bagagem de Peterson Rosa em suas andanças pelo circuito mundial pesava aproximadamente 70 quilos: “Eram 32 quilos de sete pranchas, 20 quilos de mala e 15 quilos de mochila. No começo aquilo era complicado porque eu tinha apenas 15 anos. Mas foi assim durante os 17 anos que fiquei no circuito mundial&rd,quo;.

Na Europa

“Em 1990, com 15 anos, eu disputei seis etapas na Europa. Três na França (La Canau, Hossegor e Biarritz), duas na Espanha (San Sebastian e Sopelana) e uma em Portugal. Quando fomos para Portugal, fomos de trem. Um vagão todo cheio de pranchas e amigos”.

No mundo do surf

O circuito mundial começa na Austrália, onde Peterson esteve 17 vezes. Depois passa pelo Japão, vem ao Brasil e segue para a Califórnia. Em seguida aparece a temporada europeia: França, Espanha e Portugal. A etapa seguinte é novamente o Brasil, para encerrar no Havai. “No Havai eu estive 20 vezes”, diz o surfista.

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