500 metros de onda

Para Peterson, Matinhos tem a melhor direita do Brasil

Quem não é surfista e olha aquelas ondas não lhes dá o devido valor. Mas Peterson Rosa garante: “Matinhos tem o melhor tubo do Paraná. E é a melhor direita do Brasil. Quebra atrás das pedras e vai até a barra. São 500 metros de onda perfeita. Num dia bom ela corre naquela direção”, diz ele apontando para o outro extremo. E garante: “Eu já viajei o Brasil inteiro e não tem uma onda como esta”. Direita é a onda que na perspectiva de quem está na praia, vai para o lado esquerdo, mas como a designação é da perspectiva do surfista, do mar para a terra, ela tem este nome.

“Competi no Rio de Janeiro, Florianópolis, São Paulo, Espirito Santo, Recife, Natal e Fortaleza. Não existe outra onda como esta”, diz ele, desta vez apontando as ondas que quebram em vagas sucessivas nas proximidades das pedras do Pico de Matinhos. Um surfista pega a onda e mais adiante ele desliza como estivesse andando sobre as águas. “Eu acho que quis ser surfista por causa disso. Para andar sobre as ondas, como Jesus”, diz ele com seriedade. “A espuma esconde a prancha e parece que a gente está andando em cima do mar”, acrescenta.

A imagem do surfista vista do alto do pico dá crédito ao comentário de Peterson. Exagero ou não, Matinhos é um dos três endereços dos surfistas no Paraná: os outros dois são a Ilha do Mel e Guaratuba. Os precursores do surf no Paraná são de lá: Jamil e Jamo, vizinhos de Peterson. A cidade ganhou notoriedade com ele, mas não termina nele. Depois veio Jehad Kodr, filho do comerciante Jorge e Peterson Crisanto, filho e sobrinho dos surfistas Guga e Tula, por sua vez de família de pescadores e também afilhado de Rosa, que emprestou o ao garoto, a cidade continua produzindo futuros talentos. Embora desenvolva projeto de escola de surf com objetivos sociais, Peterson Rosa acredita que a iniciativa Ondas do Saber tem potencial para gerar novos bons surfistas para a cidade. Para o Paraná. E para o Brasil.

Último sonho

Peterson Rosa, que aos 41 anos, ainda compete, tem um derradeiro sonho: “Eu gostaria de ganhar mais uma etapa do brasileiro de surf para ser o surfista mais velho a conseguir esta conquista. Atualmente o surfista vencedor com mais idade é Pedro Muller, do Rio de janeiro, que venceu em Ubatuba”, diz ele. Mas reconhece que não é tarefa fácil: “É muito difícil competir com a molecada de 19 anos. A gente vai para ganhar, mas não é fácil”, diz ele. Enquanto isso vai competindo porque é ainda mais difícil largar as ondas e a prancha.

Vende-se

“Quando meu pai veio morar em Matinhos, ele comprou uma casa. Ele reformou, morou e depois apareceu alguém querendo comprar e ele vendeu. E assim ele foi comprando, reformando e vendendo as casas, até que a gente chegou ao centro da cidade. Aí ele não vendeu mais. Mas, até chegar lá, eu morei em 17 lugares diferentes aqui em Matinhos”.

Monumento

No dia 26 de fevereiro de 1999 a prefeitura de Matinhos ergueu este monumento em homenagem ao principal surfista paranaense, por ocasião do bicampeonato brasileiro. Por falta de tecido para revestir a parte superior, com a ação do tempo, do sol e da chuva ela se quebrou. Uma reforma foi cogitada e ainda está sem solução. Mas a placa no pedestal não deixa esquecer a homenagem. 

Isto é Peterson Rosa

Tricampeão

Ele é o único surfista a conquistar por três vezes o título brasileiro: em 1994, 1999 e 2000.

Mais jovem

Peterson Rosa foi o campeão brasileiro profissional de surf mais jovem aos 20 anos em 1994.

Mais tempo

Ele também foi o surfista brasileiro com mais tempo na Elite Mundial – 14 anos, dos 17 anos em que esteve competindo no circuito mundial.

Precoce

Ao se tornar surfista profissional em Portugal em 1990, com apenas 15 anos, ele também se tornou um dos mais jovens surfistas a se profissional,izar.

Recordista

É recordista brasileiro em número de vitórias em etapas de WQS, 9 no total, ao lado de Neco Padaratz.

Linha do tempo

1974 – Nasce no Guarujá.

1975 – Muda-se para a casa dos avós em Curitiba.

1982 – Muda-se com os avós para Matinhos.

1984 – Adquire a primeira prancha no dia 12 de outubro.

1990 – Conquista títulos brasileiros nas categorias mirim (até 15 anos) e júnior (de 15 a 18 anos). Profissionaliza em Portugal.

1994 – Conquista o primeiro título brasileiro profissional.

1999 – Conquista o segundo título brasileiro profissional.

2000 – Conquista o terceiro título brasileiro profissional.

2008 – Cria o Projeto Onda do Saber em Matinhos, para estudantes no contraturno escolar.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna