Moça bonita e talentosa, a curitibana Gisele Miró escreveu página marcante no tênis feminino brasileiro no final dos anos 80. Em pouco tempo ela deixou o terceiro lugar no ranking mundial juvenil para se profissionalizar e com 19 anos conquistou duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Indianapolis de 1987, uma de ouro e outra de bronze, esta conquistada com o gaúcho Fernando Roese, que também levou o ouro individual masculino e com quem Gisele formou dupla mista. “Eu acho que nos Jogos Pan-Americanos eu atingi o ponto mais alto de minha carreira, foi onde eu tive a maior conquista”, diz a tenista que atualmente disputa torneios de vôlei na categoria Master na equipe das ex-jogadoras de vôlei Filó e Ana Volponi.
As duas medalhas conquistadas nos Estados Unidos não foram apenas o ponto mais alto da carreira da paranaense. A participação da equipe brasileira naquele ano foi o segundo melhor desempenho da categoria na história dos jogos, superado apenas pelo Pan-Americano de 1963, dipustado em São Paulo e que contou com a presença da lendária Maria Ester Bueno e de Thomas Koch, dois dos maiores nomes da história do tênis brasileiro. Gisele ainda disputou os Jogos Olímpicos de Seul em 1988. A tenista fez boa estreia, derrotando a canadense Helen Kelesi, então a 25ª do mundo, mas sucumbiu na segunda rodada diante da experiente búlgara Katerina Maleeva. Gisele Miró participou de todos os Grand Slam do tênis no circuito feminino. Em 1988, ela chegou a ser número 99º do mundo e 108º em duplas.
A carreira da bela tenista no circuito profissional e olímpico brasileiro foi abreviada por dois episódios distintos. Os dois em 1991. O primeiro foi o desentendimento com o técnico Thomas Koch. Ela se retirou e não disputou os Jogos Pan-Americanos em Havana. Na época o episódio foi polêmico porque Gisele deixou a Vila Olímpica. Ela compareceu ao programa Sport Shopping Show de Osmar Santos na TV Record e deu sua versão. “Ele me convocou. Eu esperava jogar. Eu me preparei da melhor maneira possível”, disse. E como isto não iria ocorrer, ela foi embora. “Eu não achei que seria bom ficar fazendo turismo em Cuba. Que era o que ia acabar acontecendo”, disse. No mesmo programa ela informou o segundo motivo que a fez abreviar a carreira: “Estou casando no final do ano. E isto deve mudar a minha vida. Casando fica difícil viajar para o exterior. A maioria dos torneios, os melhores são no exterior”, disse ela. A bela tenista estava então com apenas 22 anos.
Aquele Pan foi demais…
Os Jogos Pan-Americanos de Indianápolis de 1987 foi um dos mais exuberantes da história tanto em número de participantes (4.453), quanto nas cerimônias de abertura e de encerramento. Indianápolis viu acontecimentos surprendentes como a inédita derrota dos Estados Unidos para o Brasil no basquete masculino no dia 23 de agosto no Market Square Arena, por 120 a 115, que mudou a política americana para a modalidade: a partir daí os americanos passaram a usar jogadores profissionais dando origem ao Dream Team de 1992, que disputou as Olimpíadas de Barcelona. A medalha de ouro no basquete foi apenas uma das 14 conquistadas pelo Brasil, contra as duas de ouro do tênis. No entanto, o valor simbólico da vitória no basquete ofuscou praticamente todos os demais.
Gisele Miró hoje…
Gisele sempre praticou esporte. Em várias modalidades. Foi campeã mundial de pádel em Acapulco no México. Tem títulos paranaenses em natação, vôlei e squash. “Atualmente estou adorando jogar vôlei ao lado de minhas amigas Filó e Ana Volponi que já representaram o Brasil em Olímpiadas e Pan-Americanos. Acabamos de conquistar o titulo de campeãs brasileiras master de vôlei em Santos”, diz Gisele Miró. Mas, ela vai dar um tempo em tudo isto: “Infelizmente terei que passar por uma cirurgia porque acabo de romper meu ligamento cruzado anterior e só devo voltar às quadras no final do ano”, diz Gisele, hoje com 46, anos.