Hábito condenável

Famosos dão mau exemplo com o bronzeamento artificial

Basta chegar o verão para que muita gente logo se exponha ao sol para conseguir um tom bronzeado para o corpo. Mesmo sendo praticamente uma tradição brasileira, os médicos fazem muitas recomendações para que as pessoas se bronzeiem e aproveitem o sol sem colocar a saúde em risco. Mas arriscado mesmo é quando elas não medem as consequências e fazem qualquer coisa para ficar com a “cor do verão”. Entre as loucuras pela beleza que podem trazer muitos prejuízos, está a utilização de câmaras de bronzeamento artificial, que inclusive, são proibidas no Brasil.

Mesmo sendo algo ilegal, muita gente ainda recorre a este recurso, em busca de resultados mais rápidos. Este é o caso de algumas famosas, como as modelos Andressa Urach e Geisy Arruda, a panicat Mari Gonzalez, as ex-BBBs Fani Pacheco e Jaque Khury e a namorada do cantor Zezé Di Camargo, Graciele Lacerda. Todas divulgaram fotos em suas redes sociais fazendo bronzeamento artificial ou mostrando os efeitos das sessões, o que mostra que elas não se intimidam com os riscos que estas máquinas oferecem.

O bronzeamento artificial para fins estéticos foi proibido em todo o Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2009. As exceções são as indicações para o tratamento de doenças como psoríase e vitiligo, que são feitas em ambiente controlado, sob orientação e supervisão de médicos. Em 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) também reclassificou as câmaras como agentes cancerígenos do mesmo patamar que os cigarros. Segundo pesquisas, a prática de bronzeamento artificial antes dos 35 anos aumenta em 75% o risco de câncer da pele, acelera o envelhecimento precoce e pode provocar outras dermatoses. A Sociedade Brasileira de Dermatologia também condena o uso do bronzeamento artificial.

A dermatologista do Serviço de Dermatologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Karin Helmer alerta que recorrer a este serviço, considerado clandestino, pode ser muito perigoso. “Antes da proibição pela Anvisa, ainda era possível ter um certo controle, saber a quantidade de radiação e a forma como as máquinas eram utilizadas. E, mesmo assim, a prática já não era segura. Hoje, os riscos são ainda maiores. O bronzeamento artificial aumenta as chances das pessoas desenvolverem um câncer de pele”. Comparando, segundo a médica, quatro minutos em uma câmara de bronzeamento equivalem a mais de uma hora de exposição ao sol, o que expõe a pele a uma quantidade muito alta de radiação.

Mari Gonzales ignora alertas.

De acordo com a dermatologista, a radiação ultravioleta do tipo A (UVA), utilizada nas máquinas, atinge as camadas mais profundas da pele, mas não tem a capacidade de queimá-la como faz a radiação do tipo UVB. “A ausência de sintomas, ardência e queimação faz com que algumas mulheres acreditem que as câmaras são inofensivas, mas isto não é verdade. Elas acreditam que os danos não estão acontecendo, mas a pele está sendo afetada”. Para garantir o bronzeado, os médicos recomendam tomar sol antes das 11h e após às 16h, usando sempre filtro solar com fator de proteção solar (FPS) acima de 30. Quem quer ficar da “cor do pecado” pode recorrer aos autobronzeadores, que são seguros e têm o uso liberado pelos dermatologistas.

Um perigo real

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é o tipo de câncer mais frequente em todo o Brasil, correspondendo, no total, a cerca de 25% de todos os tumores malignos registrados no país. Ele é provocado pelo crescimento anormal e descontrolado das células q,ue compõem a pele e a radiação ultravioleta, associada à exposição ao sol ou ao uso de câmaras de bronzeamento, é a principal responsável pelo desenvolvimento de tumores cutâneos.

A dermatologista Cristiane Likes Fontoura, credenciada do Paraná Clínicas Planos de Saúde Empresariais, explica que os tipos mais comuns de câncer de pele são o carcinoma e o melanoma. “O carcinoma é o tipo de câncer que pode ser curado mais facilmente, principalmente quando o diagnostico é feito de maneira precoce. Já o melanoma é o tipo mais agressivo, que pode faze metástase, se espalhando para outros órgãos e levando até a morte do paciente”.

O tratamento de ambos pode envolver cirurgia e no caso do melanoma, radioterapia e quimioterapia. O tratamento segue com acompanhamento médico por até cinco após, para verificar se as lesões podem voltar. Os sinais de alerta são manchas na pele. “Se a pessoa detectar manchas ou pintas que mudam de cor, que apresentam crescimento, bordas assimétricas, sangramento ou feridas que não cicatrizam, ela deve buscar um médico, para fazer uma avaliação detalhada”, orienta Cristiane.

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