Do alto da região gaúcha dos Campos de Cima da Serra

A natureza do Rio Grande do Sul é tão vasta quanto a tradição cultural do Estado. Na região dos Campos de Cima da Serra, no nordeste gaúcho, essa combinação fica evidente.

Uma viagem pelo local proporciona imersão em simbologias e sensações e mescla a essência do povo local com as encantadoras belezas naturais da região, mergulhada em cânions.

Os Campos de Cima da Serra ficam na parte mais alta do Rio Grande do Sul, cercados a leste pelos cânions dos Aparados da Serra e, ao norte, pela Serra Catarinense. Envolta em florestas de araucárias, a região forma um dos mais belos destinos turísticos da Serra Gaúcha.

Nos cânions dos Aparados da Serra, além da paisagem, o turista pode praticar ecoturismo e esportes de aventura, como rapel, rafting, travessias dos cânions, trilhas de quadriciclos e jipes, além de fazer belos passeios por cachoeiras e lajeados de águas cristalinas.

História e cultura

Os usos e costumes do povo serrano estão voltados para a cultura dos antigos tropeiros e do gaúcho e, por isso, o contato com o local proporciona também um banho de tradicionalismo.

Isso fica evidente na gastronomia campeira, com pratos preparados com pinhão, charque, abóbora, mandioca, o típico churrasco e sobremesas de origem portuguesa, como o doce de gila, fruta típica local.

Aparece, ainda, nas rodas de chimarrão, nas quais o visitante é convidado a incorporar o tradicionalismo gaúcho, com suas poesias e contos de “causos”. Mais que isso: quem conhece seus habitantes é convidado a participar da história do lugar, marcado pelo tropeirismo, atividade que vigorou ao longo dos séculos XVIII e XIX e propiciou a integração do sul ao resto do País por meio do comércio viabilizado pelas tropas.

Os corredores de pedras que cortam a região e por onde antigamente passavam os muares estão sendo resgatados e transformados em rotas para o turismo. Formando extensos caminhos, os mangueirais cortam fazendas centenárias e dão ideia de como os homens daquele tempo se organizavam para conduzir seus rebanhos e delimitar seus trajetos.

O tropeirismo aparece na arquitetura dos casarios, nas ruínas escondidas no interior das cidades e nas fazendas que serviam de pouso para os corajosos viajantes daquela época.

Do Fortaleza, dá para ver o mar

Adriano Cescani/Phosphoros
Vista da planície catarinense e do litoral, ao fundo: perspectiva de cima da serra.

Os cânions localizados em Cambará do Sul propiciam passeios imperdíveis. O Fortaleza, com seus 7,5 quilômetros de extensão e, em alguns pontos, com até 900 metros de altura, é protegido pelo Parque Nacional da Serra Geral, unidade de preservação permanente que é uma extensão do Parque Nacional de Aparados da Serra.

Dentre as trilhas que podem ser percorridas no cânion estão a do Mirante, com percurso de três quilômetros (ida e volta) e que dá acesso ao topo. Lá de cima é possível avistar parte da planície catarinense e parte do litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Na volta, vale conferir outra trilha, a que dá acesso à Cachoeira do Tigre Preto, exuberante em seus 400 metros de altura.

O caminho também leva à Pedra do Segredo, misterioso bloco monolítico de cinco metros de altura e cerca de 30 toneladas equilibrado em uma base de apenas 50 centímetros.

O turista deve apenas ficar atento a algumas restrições. Camping é proibido no interior do Itaimbezinho, bem como travessias fora das trilhas. A estrada que dá acesso ao cânion é a continuação da avenida principal de Cambará do Sul. São 22 quilômetros por estrada de terra pedregosa. Se você não tiver, carro próprio, pode contratar vans ou táxi. As agências de turismo organizam grupos com saídas diárias para os cânions.

Serviço

Como chegar: CS-012 (22 km do centro de Cambará). Visitação: diariamente, das 8h às 17h. Entrada e estacionamento são gratuitos.

Explore o Itaimbezinho

Junior Claudino
Trilha do Rio do Boi, que corta o Itaimbezinho, mescla aventura e contato direto com natureza intacta.

A imponência do Cânion Itaimbezinho, em seus 5,8 quilômetros de extensão e suas paredes rochosas de 700 metros de altura, mostra por que a região dos Campos de Cima da Serra é capaz de instigar o visitante.

O lugar é envolto em mistérios e, de tão bonito, torna difícil tirar os olhos de sua magnitude. E, se além de apreciar a paisagem a intenção for adentrar sua natureza, isso ele também propicia.

As trilhas que cortam o Itaimbezinho garantem aventura e são um verdadeiro estímulo aos sentidos ao exibir a cor da vegetação, o som dos pássaros e o cheiro do mato.

As trilhas do Vértice e do Cotovelo ficam na parte alta do parque, à borda do cânion, e são bem fáceis de percorrer. A primeira tem 1,4 mil metros de ida e volta.

Além de mostrar parte do cânion, permite ver as cachoeiras Véu da Noiva e Andorinhas. A segunda é mais longa, com 6,3 mil metros (ida e volta também) – no entanto, o cânion pode ser observado quase em sua totalidade neste trajeto.

Rio do Boi

Ênio Frassetto
Com suas paredes de 700m de altura, cânion merece ser visto por inteiro.

Já a trilha do Rio do Boi propicia a experiência de adentrar o cânion. Tem grau de dificuldade maior e cerca de oito quilômetros (ida e volta). Por esse roteiro, o turista atravessa o Itaimbezinho seguindo o leito do rio.

O ideal é percorrê-lo nos meses de calor, já que é preciso passar pela água em muitos trechos e, ainda, porque você não vai se perdoar se não puder tomar um banho nas cachoeiras e piscinas naturais de águas cristalinas que cortam o trajeto.

Se não quiser ir sozinho, as agências locais têm condutores de turismo e montam grupos. Vale a pena, já que o passeio pode ser mais bem aproveitado e torna-se mais seguro.

Quem prefere ir por conta pode procurar o Centro de Informações Turísticas que fica no próprio parque para obter mais informações. Alguns hotéis também oferecem o passeio com guias, como o Parador Casa da Montanha, em Cambará do Sul -(54) 3504-5302 e (54) 3295-7575 / www.paradorcasadamontanha.com.br.

Serviço

Como chegar: Rodovia RS-429 (18 km do centro de Cambará). Visitação: de quarta a domingo, das 9h às 18h, sendo que a bilheteria fecha às 17h e a Trilha do Cotovelo fecha às 15h.

Ingresso: R$ 6 (por pessoa). Crianças até sete anos não pagam. stacionamento: carros pequenos – R$ 5; Ônibus – R$ 10. Infraestrutura: centro de visitantes com exposição, auditório, banheiros, lancheria, Centro de Informações Turísticas e estacionamento. Informações sobre os dois cânions: (54) 3251-1277 / 3504-5289 / 3251-1262

Cânions pedem esportes radicais

Adriano Cescani/Phosphoros
Com seus 400 metros de altura, cachoeira do Tigre Preto pode ser acessada por uma das trilhas do Fortaleza.

Além do Itaimbezinho e do Fortaleza, há outros cânions para serem visitados na região, como o Malacara, o Churriado e o Corujão. Estes, porém, são mais selvagens e não possuem infraestrutura.

De qualquer forma, todos o,ferecem uma gama de opções quando o assunto é aventura, como atividades de rapel, cascading, passeios de bote, de land rover, de bicicleta e de quadriciclo.

O Malacara, entretanto, no município de Praia Grande (SC) – que faz divisa com o Rio Grande do Sul e divide com ele a parte de baixo dos cânions -, chama atenção por contar com uma pousada que fica dentro do cânion, o Refúgio Ecológico Pedra Afiada – (48) 3532.1059 / www.pedraafiada.com.br. De lá saem passeios com guias próprios. E há ainda a opção de percorrer pelo menos alguns dos municípios que formam a região dos Campos de Cima da Serra.

Secretaria de Turismo de Cambará do Sul
Pedra do Segredo: 30 toneladas equilibradas em uma base de 50cm.

Além de Cambará do Sul, que concentra os principais cânions, há Bom Jesus, pequeno município que respira o tropeirismo, e a vizinha São José dos Ausentes, que abriga o Pico do Monte Negro, ponto mais alto do Rio Grande do Sul (1,4 mil metros), localizado à borda do cânion de mesmo nome.

São Francisco de Paula e Jaquirana também concentram locais para esportes de aventura, cachoeiras e diversas pousadas rurais. E há ainda Vacaria, conhecida por ser sede dos tradicionais rodeios gaúchos.

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