Quem tem filhos sabe bem que, em cada fase que a criança atravessa em seu processo de crescimento e amadurecimento, mudam também a dúvidas que cercam os pais, sejam eles os de primeira viagem ou aqueles que já têm outros filhos – afinal, uma criança nunca é igual à outra. Entre as dificuldades que costumam surgir, especialmente por volta do segundo ou terceiro ano de vida dos pequenos, é saber qual é o momento ideal para retirar a chupeta ou a fralda da criança, sem que ela sofra algum prejuízo.
Dúvidas que também fazem parte da rotina da doula Mariana Mello Schuler Serathiuk, 29 anos, mãe do Joaquim, de dois anos e oito meses, e da Cecília, de apenas 30 dias. Sobre a chupeta, ela conta que está tentando fazer com que o filho perca este hábito. “Nunca quis dar a chupeta para o Joaquim, mas fui vencida, pois, desde que nasceu, ele chupava a mãozinha com muita intensidade. Assim, ofereci a chupeta, mas ele não era muito apegado a ela. O interesse do Joaquim pela chupeta aumentou quando ele desmamou e agora com a chegada da Cecília. Nossa meta agora é o aniversário de três aninhos do Joaquim, em junho, até lá vamos retirar a chupeta dele”.
Sobre as fraldas, Mariana acredita que o momento ideal ainda não chegou. “Ainda não estamos com a pretensão de tirar as fraldas do Joaquim, vamos esperar ele se incomodar com elas”. Neste sentido, a mãe conta que ela e o pai o incentivam a aprender a fazer xixi sozinho, mostrando o vaso ou levando ele junto ao banheiro. “A escola até pediu para a gente acelerar o processo, mas não aceitamos, vamos esperar o tempo dele”.
Outra mãe que passou por estes momentos recentemente foi a autônoma Bruna Oshima, 21, mãe da Beatriz, de dois anos. “Não tive muito problema com a chupeta. A Beatriz, desde recém-nascida, optou por chupar o dedo e nunca se interessou com a chupeta. Mas o dedo, para mim, ainda é um desafio”. Para Bruna, difícil mesmo está sendo fazer com que a filha se acostume sem as fraldas. “A retirada das fraldas foi uma das coisas mais difíceis até hoje! Mas acredito que só foi difícil porque comecei esse processo muito tarde”.
Como solução, Bruna seguiu um conselho e comprou um penico. “Comprei um penico lindo, cheio de coisas atrativas. Ela se interessou, mas, no começo, ficava sentada e não fazia nada e eu tive que respeitar esse período de conhecimento e adaptação. Agora, depois de três meses, ela vai até o penico e faz tudo sozinha. Foi muito difícil, achei que nunca iria conseguir, mas agora estou muito orgulhosa por ela ter enfrentado esse novo desafio”.
A balconista Beatriz F. da Silva, 33, mãe da Rafaela, de dois anos, também não teve problemas com a chupeta. “Minha filha Rafaela só usou chupeta por duas semanas e depois não quis mais”. Já sobre as fraldas, ela acredita que logo sua filha não irá mais aceita-las. “Minha filha, na hora da troca, esperneia e não quer mais colocá-las. Mas ela ainda não sabe pedir para fazer xixi ou cocô, ela pede na hora que já fez. Agora, retornando para a creche, ela irá para o maternal e já iniciará o processo do desfralde, então, terei ajuda das educadoras”.
Neste processo, Beatriz foi orientada pelo pediatra a ter paciência. “O pediatra dela me orientou que quando ela fizer xixi fora do troninho, no chão, por exemplo, que eu não devo gritar com ela e sim ter paciência e explicar o jeito certo, pois se eu gritar ela pode se assustar e então ficará mais difícil de desfraldá-la”.
Com paciêbncia e compreensão
A médica pediatra do Hospital Pequeno Príncipe Neuma Kormann recomenda que o uso da chupeta não ultrapasse os dois anos de idade. Depois disso, segundo ela, o acessório pode provocar problemas na arcada dentária, complicações difíceis de serem revertidas posteriormente. “A chupeta prejudica o crescimento facial, ela trabalha o osso da face afrouxando o maxilar superior, c&eac,ute;u da boca. Até os dois anos, a criança precisa ter este reflexo da sucção. Depois disto, não é mais importante”.
Segundo a pediatra, a retirada das fraldas é um processo é mais natural e, para ajudar os pais, ela dá algumas dicas. “Compre um troninho ou adaptador de vaso, que faça com que a criança fique confortável. Ela pode ficar sentadinha por um período no troninho e também pode ser convidada a cada três horas para fazer xixi”.
Sob o ponto de vista emocional, para psicóloga do SCS Nosima Psicologia e Coaching Simone Nosima, o pai e a mãe podem retirar a chupeta aos poucos. “A mudança pode começar de forma gradativa, tira a chupeta durante o dia e entrega apenas quando for dormir. Em seguida, começa a colocar para dormir sem a chupeta. É possível que, nos primeiros dias, ela sinta a falta da chupeta, ficando irritada e chorosa. Dar a chupeta para o Papai Noel ou Coelho da Páscoa também é uma alternativa. Neste caso, é preciso combinar com a criança antes”.
Já a retirada da fralda depende de um processo de amadurecimento para o controle do xixi e cocô. “É preciso respeitar o amadurecimento da criança, para que ela tenha possibilidade fisiológica de fazer esta transição. Como é uma fase de adaptação e aprendizado, é esperado que ela demore um tempo para conseguir controlar. É preciso que os pais tenham paciência para mostrar e ensinar, bem como limpar as roupas e o chão. Brigar com a criança pode ter o efeito contrário ao esperado. O melhor é valorizar quando ela faz o certo e não o errado”, orienta a psicóloga.