De bem com a vista

Correção de catarata possibilita retomada da visão ao paciente

Depois de dois anos com a visão comprometida, a dificuldade em enxergar deu lugar a uma vista bem mais nítida, que permite que Maria del Carmen Fontenla, de 75 anos, consiga até tecer pontos com sua agulha de crochê, coisa que era difícil antes de ela passar pelas cirurgias de correção sas cataratas que se desenvolveram em seus dois olhos. “Meus olhos ficavam embaçados, sobretudo no sol, e eu só conseguia ver um pouco melhor com os óculos”, lembra.

Primeiro, a dona de casa se submeteu a uma cirurgia no olho direito, em dezembro de 2014. Um mês depois, já no início deste ano, foi a vez de o olho esquerdo passar pela correção. “As cirurgias foram muito tranquilas e o resultado foi uma benção, a diferença na visão é muito grande. Agora, consigo ver bem, posso até colocar linha em uma agulha e, se quiser, fazer crochê, atividade que sempre foi minha paixão”.

E casos como o dela são muito comuns. Uma das principais causas de cegueira reversível, a catarata provoca a opacificação do cristalino, responsável por essa falta de nitidez e dificuldade em enxergar, como explica o médico oftalmologista do Instituto de Oftalmologia de Curitiba (IOC) Luiz Fernando Fajardo de Andrade Lima. “Dentro do olho, temos uma lente natural que se chama cristalino. O cristalino é responsável por focar a imagem para longe e para perto como numa câmera fotográfica. Com o passar dos anos, com algumas doenças ou com uso de certos medicamentos de forma contínua, o cristalino pode ficar opaco”.

O oftalmologista relata que existem diferentes tipos de catarata, causadas por fatores muito diversos. “Os tipos mais comuns são senil (que aparece nos indivíduos com mais de 60 anos), diabética, medicamentosa, congênita (dos recém-nascidos, por má formação intrauterina), familiar e traumática (quando o olho sofre algum acidente)”.

Mas, apesar das causas variadas, os sintomas são sempre os mesmos. “A pessoa portadora de catarata queixa-se de embaçamento visual, que não melhora completamente com uso de óculos. Na senil, o paciente pode não perceber que a visão está embaçada, já que vai se acostumando aos poucos com o embaçamento visual. E, em recém-nascidos, observamos pupila branca”, esclarece Lima.

Prevenção difícil e tratamento com cirurgia

Infelizmente, todos estão destinados a desenvolver a catarata, isto porque, a catarata senil, manifestação mais comum da doença, vem com a velhice e ainda não há como preveni-la de forma efetiva. Inclusive, a incidência da doença é a mesma entre homens e mulheres. “A catarata senil pode começar a se desenvolver por volta dos 50 anos. Mas é em pacientes na faixa dos 60 anos que ela se agrava, dificultando a visão. O que podemos fazer é minimizar os riscos de desenvolver doença, ou seja, controlar o diabetes, evitar a automedicação, usar óculos de sol para se proteger da radiação ultravioleta e se prevenir de doenças como a toxoplasmose na gestação, para evitar a catarata congênita”, diz o médico oftalmologista e Coordenador do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Evangélico, Otávio Siqueira Bisneto.

Também é importante, segundo o médico, procurar um oftalmologista assim que algum sintoma de visão turva se manifestar. “As cataratas não são todas iguais, por isso, o diagnóstico e o tratamento são feitos de acordo com cada caso. Só o médico oftalmologista consegue determinar o tratamento ideal, que é feito por cirurgias. Isto evita que as pessoas busquem recurso como os remédios para catarata, que são vendidos em farmácia, mas que não tem sua eficácia comprovada”, alerta.

E, com a cirurgia, que pode ser de diferentes tipos, ainda é possível, em alguns casos, reverter outros problemas de v,isão, como a miopia, hipermetropia ou astigmatismo, fazendo com que o paciente possa até abandonar os óculos. “Quando colocamos uma lente no olho, às vezes, além da catarata podemos tratar outros problemas que levam a uma dificuldade visual. Mas, para saber se isso é possível, é preciso passar por exames e por uma avaliação com seu oftalmologista”, explica Siqueira Bisneto. 

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