Marilene Novacki Rosa está desde o mês de julho sem fazer o que mais gosta: correr. O motivo são quatro fraturas por estresse (duas em cada perna) que a deixaram fora das corridas. Ela, que treinava cinco vezes por semana e ainda praticava ciclismo e musculação, não vê a hora de voltar às pistas. ?Comecei a sentir uma dorzinha chata na panturrilha e achei que era algum tipo de distensão, só depois dos exames é que ficaram constatadas as fraturas?, lembra.
Não importa se é um atleta profissional, de fim de semana ou iniciante em academia de ginástica. Todos, assim que perceberem qualquer tipo de desconforto, devem procurar auxílio especializado e investigar melhor, afinal a fratura por estresse chega de mansinho e de forma silenciosa. ?É igual a um clipe metálico que se quebra após ter sido utilizado inúmeras vezes para prender papel?, explica o ortopedista Edílson Thiele, salientando que a fratura ocorre em conseqüência de uma sobrecarga de exercícios repetitivos.
Conforme o especialista, o sinal indicativo do problema é uma dor que varia de moderada a intensa, dependendo da articulação atingida. E, o que é pior: esse tipo de lesão demora a ser diagnosticada. Nos atletas amadores e mesmo nos profissionais, as fraturas por estresse têm várias causas, entre elas, o aumento da carga aplicada ao osso, o aumento de repetições do exercício, e o cansaço muscular excessivo que desequilibra o apoio dos membros e causa uma sobrecarga maior nas articulações. ?Além disso, a prática de esportes em superfícies duras e o uso inadequado de calçados também agravam o problema?, ressalta.
Difícil visualização
Esportistas que são obrigados a executar movimentos repetitivos estão mais propensos à doença. Além de tenistas, maratonistas e jogadores de futebol, bailarinas e militares são os que mais sofrem do problema. O portador sente dor em determinado local, que piora com o apoio ou no caminhar e melhora com o repouso. As fraturas por estresse começam como microfraturas e são de difícil visualização, pois nos primeiros dias não aparecem no raio-X convencional e só são visíveis quando evoluem para fraturas maiores. Para se detectar mais cedo o problema é necessário uma cintilografia óssea ou uma ressonância magnética.
A dor faz com que a pessoa diminua naturalmente a carga de esforços repetitivos, e esse é um sinal importante a ser respeitado. A partir daí, deve-se, sem demora, procurar ajuda especializada. Para Edílson Thiele a primeira atitude a ser tomada é suspender todos os exercícios e treinamentos. Outra ação é reavaliar as sessões de treinamento, intercalando movimentos e grupos musculares diferentes, a fim de evitar sobrecarga e fadiga. O tratamento depende do local da fratura. O especialista explica que o objetivo inicial é controlar e diminuir a dor. Algumas vezes, se imobiliza com gesso e, em outras, apenas o enfaixamento e um repouso são suficientes para consolidar a fratura. Os casos mais graves são tratados cirurgicamente.
Existem alguns fatores que aumentam o risco de lesões:
* Erros de treinamento – aumento brusco da intensidade dos treinamentos; intervalo de repouso insuficiente; uso de calçado impróprio; treino em piso inadequado.
* Diabetes ou alterações de tireóide.
* Tabagismo.
* Alcoolismo.
* Causas anatômicas – diferença de comprimento entre as pernas, forma errada de pisar, assimetria muscular.
Locais de maior incidência das fraturas por estresse:
Pé ? As fraturas por estresse são responsáveis por 30% a 35% das lesões nos pés.
Tíbia ? Saltadores e corredores são os mais atingidos.
Fêmur ? É mais comum em corredores, pois nas corridas o peso corporal sobre essas estruturas aumenta cerca de 3 vezes.
Coluna ? Ocorrem, principalmente, com praticantes de salto em altura, arremesso de peso e ginastas, devido a repetição dos movimentos de torção.