Começou, nesta quarta-feira (4), o julgamento dos 12 policiais militares pelo Tribunal do Júri, em Curitiba. Eles são acusados pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) de executar a tiros cinco suspeitos que estavam dentro de um veículo Gol furtado, no bairro Alto da Glória em 11 de setembro de 2009.
O julgamento deve durar três dias, mas pode se estender por até 10 dias e o MP informou que espera a condenação dos policiais. “A gente espera que o julgamento seja finalizado em três dias, mas pode se estender até o final de semana. O MP sustenta a condenação deles, tendo em vista que não foi confronto e, sim, uma execução”, relatou o promotor Lucas Cavini, que não atendeu a imprensa nesta manhã. Ele optou por falar apenas após o julgamento, independente do resultado.
Já o advogado Claudio Dalledone Júnior, que defende os policiais, alega que todos têm um bom histórico dentro da polícia e que também corriam risco naquela noite.
“Não só o Tenente Roncaglio, mas todos os demais policiais são respeitados e reconhecidamente homens exemplares dentro da corporação. Serão julgados pela morte de cinco marginais que aterrorizavam Curitiba cometendo assaltos, cometendo homicídios e que, naquela noite, acreditavam que poderiam também receber a polícia a bala”, explicou.
Este é o maior julgamento da história da Justiça paranaense, pelos 12 réus, cinco vítimas e 47 testemunhas. Muitos PMs de folga, além dos familiares, foram apoiar os colegas de farda e alguns estavam vestidos com camisetas com a inscrição “Amigos da Polícia Militar”. Aproximadamente 200 senhas foram liberadas ao público, para acompanhar o julgamento nesta quarta. Abordados pela reportagem antes da sessão, nenhum familiar ou PM que foi apoiar o grupo quis dar declaração.
Primeiros momentos
A movimentação de quem foi prestar apoio chegou a gerar impasse entre o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e as equipes de defesa. A promotoria pediu a proibição, tanto das camisetas de apoio aos policiais como também a presença de oficiais fardados, por encarar isso como um fator de “convulsão social”, o que poderia “corroborar a subjetividade do conselho de sentença”. Para a defesa, porém, trata-se de uma “manifestação espontânea”.
A juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, entretanto, recusou o requerimento do MP-PR, afirmando que não cabe a ela definir a roupa de quem entra no plenário e também porque a frase da camiseta não “não traz nenhuma afronta ao conselho de sentença”. Porém, a juíza ressaltou que se o comportamento da plateia se alterar e houver algum tipo de manifestação maior, isso pode ser revisto.
Segue o júri
Os 12 policiais se apresentaram fardados ao júri. Alguns deles estavam armados e tiveram que deixar suas pistolas sob custódia. Além deles, um 13º PM também foi acusado pelo Ministério Público do Paraná (PM-PR) pelas execuções, entretanto ele morreu antes do julgamento.
O sorteio dos sete jurados, que vão compor o conselho de sentença (45 foram convocados), aconteceu só perto do meio-dia. Depois disso, devem começam a ser ouvidas as testemunhas de acusação e a defesa.
Os 12 réus vão ser interrogados ao final. No debate, MP-PR e defesa têm 2h30 cada um. Se MP-PR pedir réplica, que é de uma hora e meia, defesa tem direito a tréplica do mesmo tempo.
O caso
Segundo as informações da época, uma equipe 20.º Batalhão da PM confirmou que um Gol, onde cinco rapazes estavam, era fruto de roubo e tentaram realizar uma abordagem. Ao perceber a aproximação da viatura, o motorista do Gol iniciou uma fuga por ruas do bairro. Os policiais alegam que eles foram recebidos com disparos pelos ocupantes do veículo.
Depois de furar uma barreira policial, o automóvel colidiu na Rua Nicolau Maeder e uma nova troca de tiros começou. No carro havia cinco pessoas que morreram logo depois de serem encaminhados ao Hospital Cajuru. Cinco revólveres calibre 38, com numeração raspada, foram apreendidos com o grupo. Entre os policiais que vão a julgamento está o Tenente Otavio Lúcio Roncaglio, oficial condecorado.