Num dia de ampla agitação política, o Paraná deu adeus a um de seus governadores. Faleceu nesta quarta-feira (31), aos 91 anos, por conta de uma falência pulmonar, Jayme Canet Júnior, que comandou o Estado entre 15 de março de 1975 a 15 de março de 1979. Ligado a outro ex-governador, Ney Braga, Canet teve mais de trinta anos de vida pública, participando ativamente no período entre o final da ditadura militar e a reconstrução democrática. Ele foi o último governador escolhido indiretamente.
Nascido em Ourinhos, em 19 de janeiro de 1925, Canet se tornou na década de 1950 um dos maiores empresários do Paraná, principalmente na agropecuária. Neste período, passou a militar no Instituto Brasileiro do Café, e lá apoiou Braga na campanha para o governo estadual em 1960. Na gestão seguinte, de Paulo Pimentel, filiou-se ao partido que fazia base para o governo militar, a ARENA, e foi presidente do Banestado.
No início dos anos 1970, Canet continuou no serviço público, e foi eleito indiretamente o vice-governador de Emílio Hoffmann Gomes, que cumpriria um ‘mandato-tampão’ após a cassação de Haroldo Leon Peres e a morte de Pedro Viriato Parigot de Souza. Em 1974, foi escolhido pelo então presidente Ernesto Geisel para ser governador, decisão homolgada pela Assembléia Legislativa.
Em seu governo, com apoio de Geisel e de Ney Braga (então ministro da Educação), teve suporte federal para ampliar as ações da Sanepar, da Telepar e da Copel. Foram pavimentados mais de 4 mil quilômetros de estradas, e houve grande incentivo à agricultura. Canet enfrentou enquanto governador um grande crescimento populacional, que exigiu mudanças de planejamento para a educação e para o urbanismo.
Ao deixar o Palácio Iguaçu, Jayme Canet não disputou mais nenhum cargo público. Mas foi decisivo durante a abertura e a redemocratização. Foi convidado por Tancredo Neves para liderar o Partido Popular (PP) no Paraná, mas quando o partido foi absorvido pelo PMDB abdicou de se candidatar ao governo. Mesmo assim, foi um dos comandantes da campanha de José Richa, que venceu o PDS (de Ney Braga, seu “inventor”) na eleição para o governo de 1982.
A morte dele foi confirmada pelo governo do estado, que decretou luto oficial. A administração estadual também confirmou que o corpo do ex-governador será velado às 8h desta quinta-feira (1) no Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. O enterro será realizado às 16h de quinta, no Cemitério Municipal.
Com a morte de Jayme Canet Júnior, apenas cinco ex-governadores do Estado estão vivos: Álvaro Dias, Emílio Gomes, Jaime Lerner, Paulo Pimentel e Roberto Requião.
Nota da Prefeitura de Curitiba
Por meio de uma nota, a Prefeitura de Curitiba decretou luto oficial de três dias pela morte do ex-governador Jayme Canet Junior. O prefeito Gustavo Fruet disse que Canet Junior deixa um legado de honradez e realizações para o Paraná. “A passagem de Jayme Canet Junior pelo governo do Estado está registrada na história como um período de busca de eficiência na gestão pública, rigor na aplicação dos recursos e grande investimento em infraestrutura, além de uma notável ampliação da estrutura da educação, área que ele sempre prezou muito”, disse Fruet. “À família, os nossos sentimentos e a certeza de que Canet Junior será lembrado como um homem honrado e empreendedor.”
Nota do governador Beto Richa
“Lamento profundamente o falecimento do ex-governador Jayme Canet Júnior, ocorrido nesta quarta-feira (31). Decretei luto oficial no Estado pelo período de três dias.
Um dos mais realizadores na história do Paraná, o governo de Canet (1975-1979) lançou as bases para a implantação da moderna infraestrutura de transporte do Estado, com a pavimentação de milhares de quilômetros de rodovias em todo o território paranaense.
Íntegro, dinâmico e austero, Jayme Canet contribuiu para o nosso processo de transição de um Estado essencialmente agrícola para uma economia industrial.
Participou ativamente da redemocratização, ao apoiar a candidatura vitoriosa de meu pai, José Richa, ao governo do Estado nas eleições de 1982.
Canet foi um estadista na acepção plena da palavra, exemplo e referência para todos os que o sucederam no Palácio Iguaçu.
Quero expressar meus mais sinceros sentimentos à família do ex-governador por seu falecimento”