Brasil tem o terceiro maior rebanho eqüino

Estudo divulgado recentemente pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revela que o país tem o terceiro maior rebanho eqüino do mundo. Com cerca de 5,8 milhões de animais, perde em quantidade apenas para a China, que mantém o maior rebanho do mundo, e o México, posicionado em segundo lugar.

No Paraná, a estimativa é de que existam cerca de 500 mil cavalos, pertencentes a diversas raças e utilizados para finalidades variadas, como lida no campo, transporte e competições esportivas. Alguns animais – dependendo da carga genética, da beleza física, de títulos adquiridos e medalhas conquistadas – chegam a render ou mesmo valer verdadeiras fortunas a seus proprietários.

?Cavalos que, por exemplo, participam de olimpíadas, chegam a valer mais de R$ 1 milhão, independente de serem machos ou fêmeas. Quando são garanhões (não castrados), chegam a ter o sêmen vendido para que suas características genéticas e habilidades sejam propagadas. Isso normalmente costuma render bastante dinheiro aos responsáveis pelo animal?, comenta o médico veterinário do Regimento de Polícia Montada Coronel Dulcídio, que tem sede em Curitiba, Valdir Roberto Tonin.

Atletas

Foto: Lucimar do Carmo/O Estado

Os cavalos considerados de trabalho geralmente são utilizados para tração e como montaria de policiais e agentes do Exército.

Eqüinos utilizados em competições esportivas geralmente são tratados como verdadeiros atletas, sendo preparados para exercer determinadas atividades desde o nascimento. Os cuidados veterinários, que envolvem vacinação, desvermifugação e realização de determinados exames, são iniciados nas primeiras horas de vida. Logo após o desmame, o que acontece por volta do sexto mês, os animais começam a receber alimentação balanceada, composta por pasto e também por rações que possuem compostos especiais que têm como finalidade o equilíbrio mineral do organismo.

O treinamento esportivo propriamente dito têm, na maioria das vezes, início entre um ano e meio e dois anos de idade. É nesta fase que os cavalos começam a ser montados e a aceitar cela e embocadura. ?Cada cavalo, de acordo com sua raça e características, recebe treinamento específico para o esporte que irá realizar. Por isso, existem diferenças entre os cavalos usados para hipismo, corrida, enduro, rodeio e outras atividades?, explica o veterinário.

Direito a tratamento completo de beleza

Sendo tão valiosos, os cavalos também têm direito a tratamento completo de beleza. Alguns animais, antes de participarem de exposições, apresentações e corridas, passam pelas mãos de profissionais especializados – chamados groomers – que providenciam desde banho até maquiagem.

?Há vinte anos, quando a quantidade de leilões de cavalos no Brasil era imensa, o embelezamento dos animais era bem mais comum. Entretanto, ainda hoje, os tratamentos valorizam os eqüinos, sendo capazes de harmonizar defeitos e realçar qualidades?, diz o gro-omer e esteticista de animais, Sérgio Villasanti, que é de Campinas (SP), mas realiza trabalhos em todo o país.

A estética de eqüinos envolve banho, tosquia, embelezamento de pêlos, adornos de crina (como pentear, realizar tranças e colocar laços), embelezamento de casco e pintura de rosto, que geralmente destaca marcações no animal que com o tempo vão se apagando. ?O embelezamento pode ser feito em todos os tipos de cavalos, desde que se respeite as especificidades de cada raça. Algumas raças, por exemplo, exigem determinados cortes de crina. Outras, precisam ter pelagem em locais específicos?.

Como os cavalos são considerados animais supersensíveis e uma alergia a um determinado produto químico pode fazer com que os proprietários tenham grandes prejuízos financeiros, todos os tratamentos de embelezamento são feitos com a utilização de produtos especiais. Entre eles estão xampus, condicionadores, sprays para dar brilho ao dorso e vernizes para casco.

Sérgio não revela o custo dos serviços de estética de eqüinos, mas informa que os tratamentos são considerados caros e que no Brasil, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, ainda existem poucos profissionais especializados na atividade. ?É uma área que tem um potencial de crescimento muito grande. No interior de São Paulo, perto de Sorocaba, existe uma escola de groomers para cavalos, mas o desconhecimento das pessoas em relação ao assunto ainda é grande?, finaliza.

Hipismo é a atividade esportiva mais difundida

Foto: Arquivo/O Estado

Rodrigo Pessoa é um dos medalhistas brasileiros no hipismo.

No Brasil, uma das atividades esportivas com cavalos mais difundidas é o hipismo. Na modalidade, o país já recebeu diversas medalhas olímpicas e têm diversos atletas de destaque. Segundo Valdir, uma das raças de eqüinos mais utilizadas no esporte é o Brasileiro de Hipismo, que começou a ser criada em território nacional há cerca de vinte anos, hoje se fazendo presente em grande quantidade. ?O Brasileiro de Hipismo é originário do cruzamento de diversas raças européias, como por exemplo Hanoveriano, Holsteiner, Westphalen, Trackner, Puro-Sangue Inglês, Cela Belga, Cela Francesa, entre outras. É criado em diversos estados brasileiros. Aqui no Paraná, entre outros locais, tem destaque no município de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba?.

Os animais utilizados para salto geralmente já estão em idade adulta, alcançada aos cinco anos de vida, e costumam ser bastante altos. Eles se diferem, por exemplo, dos cavalos utilizados em rodeio, que normalmente possuem estatura bem mais baixa e também costumam ser utilizados em trabalhos de fazenda, como lida com o gado. A raça mais utilizada para rodeios costuma ser a raça Crioula, seguida da Manga-Larga e da Quarto-de-Milha. ?Cada raça é diferenciada por características específicas, geralmente ligadas à estrutura anatômica de cabeça, troncos e membros?.

Para corrida, os animais que mais se destacam, muitas vezes alcançando velocidade próxima a sessenta quilômetros por hora, costumam pertencer à raça Puro-Sangue Inglês. Os corredores são mais jovens do que os utilizados para salto, tendo, em média, entre dois e três anos de idade. Já para enduro, as raças preferidas são Árabe (considerada mais resistente em percursos de longa distância) e também o Puro-Sangue Inglês. ?Em provas de enduro, os animais realizam percursos previamente determinados e, de tempos em tempos, passam por checagem veterinária, onde é medida a freqüência cardiorespiratória, verificada dosagem de insulina e temperatura. É considerado vencedor o eqüino que realizar o percurso com a fisiologia mais próxima da normalidade?, revela o veterinário.

Trabalho

Os cavalos considerados de trabalho geralmente são utilizados para tração e como montaria de policiais militares e agentes do Exército. Para tração, são muito utilizadas as raças Percheron, Bretão, entre outras. Para a polícia e o Exército, o Brasileiro de Hipismo costuma ser muito apreciado, recebendo treinamento específico para atuar nas ruas das grandes e pequenas cidades, em meio a uma grande quantidade de pessoas, ao trânsito de veículos e diante de barulho, como som alto e buzinas. Normalmente, os animais escolhidos têm mais de 1,55 metro de altura e são castrados, o que lhes garante um comportamento mais dócil e obediente. O tempo de vida de um eqüino geralmente varia de 20 a 25 anos, mas no regimento Coronel Dulcídio é possível encontrar indivíduos com mais de 30 anos.

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