A necessidade de financiamento do governo cresceu de R$ 176,4 bilhões em 2013 para R$ 339,6 bilhões em 2014, um salto de 92,5%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pelo lado das receitas, os impostos líquidos de subsídios sobre a produção e importação cresceram 4,2%, os impostos sobre renda e patrimônio subiram 6,6% e as rendas de recursos naturais caíram 23,6%. Mas as variações ficaram aquém das taxas observadas nas principais destinações desses recursos: os benefícios sociais aumentaram 13,0%; o consumo final subiu 9,9%; e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do governo cresceu 19,3%.
Segundo Carlos Sobral, gerente na Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, a piora no déficit do governo é consequência de desonerações fiscais e sobre a folha de pagamento; do crescimento menor da arrecadação de impostos pela atividade econômica mais fraca; e do aumento dos benefícios pagos pelo governo, como transferências de renda.
Por outro lado, a capacidade de financiamento do setor financeiro cresceu 14,0%, passando de R$ 90,2 bilhões em 2013 para R$ 102,8 bilhões em 2014. O desempenho foi impulsionado pela elevação da taxa básica de juros média para 10,9% (ante 8,2% em 2013) e o aumento do spread médio, que passou de 11,5% para 15,3% em 2014, contribuíram para o desempenho das empresas financeiras. A relação entre os empréstimos totais e o PIB recuou de 54,6% em 2013 para 52,9% em 2014.
A capacidade de financiamento das famílias foi de R$ 35,3 bilhões em 2014, resultado ligeiramente maior que o de 2013, de R$ 35,2 bilhões. “O ano de 2014 ainda foi favorável no mercado de trabalho. O aumento da renda do trabalho foi suficiente para contrapor o aumento da despesa, já que os juros aumentaram. A renda do trabalho e o aumento de benefícios (concedidos pelo governo) conseguiram suprir o consumo das famílias. Então as famílias mantêm estabilidade na sua capacidade de financiamento”, justificou Sobral.
Taxa de investimento
A taxa de investimento do País em relação ao PIB caiu de 20,9% em 2013 para 19,9% em 2014, o primeiro recuo desde 2009, informou o IBGE.
Em 2014, a Formação Bruta de Capital Fixo recuou 4,2%, um impacto negativo de 0,9 ponto porcentual para a alta de 0,5% do PIB do ano. O resultado só não foi pior porque houve contribuição positiva de 1,5 ponto porcentual do consumo final, especialmente do consumo das famílias. O setor externo contribuiu também positivamente com 0,1 ponto porcentual.
Pela ótica da oferta, o setor de serviços teve impacto de 0,7 ponto porcentual na formação da taxa do PIB de 2014. A agropecuária contribuiu com mais 0,1 ponto porcentual. Mas a indústria conteve o crescimento total com um impacto negativo de 0,4 ponto porcentual.