Sangramento atípico

Escape menstrual é um alerta para a saúde das mulheres

Queixa comum nos consultórios dos médicos ginecologistas, os sangramentos irregulares, conhecidos como escapes menstruais, são caracterizados por discretos fluxos sanguíneos vaginais que acontecem fora do período menstrual. Incômodos e com duração e intensidade menores que a menstruação, os escapes podem afetar mulheres de diversas idades, sem trazer grandes preocupações, exceto para as gestantes ou para as mulheres que já entraram na menopausa. Mesmo assim, como o escape pode ser um simples ajuste do organismo a uma troca de anticoncepcional ou até mesmo sinal de uma doença mais grave, deve ser sempre acompanhado pelo ginecologista.

Segundo o médico ginecologista Joel Roberto Garcez, credenciado pelo Hospital Santa Cruz, em primeiro lugar, é preciso verificar se a paciente que apresenta o escape é uma gestante ou não. “Nas grávidas, o escape pode acontecer no primeiro ou segundo mês de gestação, indicando a nidação, ou seja, a implantação do embrião no endométrio. Neste caso, o escape é comum e não traz preocupações. Já após este período, o escape deve ser acompanhado com mais cuidado, pois pode ser sinal de aborto. Com a gravidez em estágio avançado, o colo do útero fica sensível, podendo sangrar até mesmo com o exame de toque ou com a ecografia transvaginal”, explica.

O médico ainda alerta que, grávida ou não, toda vez que a mulher tiver um sangramento, ela deve procurar atendimento médico para verificar o que está provocando este sintoma. “O ideal é que a mulher consulte seu médico ginecologista anualmente ou sempre que apresentar sintomas atípicos, como o escape. Assim, é possível evitar doenças ou detectá-las em estágio inicial, facilitando o tratamento”, indica Garcez.

Além das gestantes, o escape também pode ser sinal de alerta para as mulheres mais maduras, principalmente para aquelas com idade acima de 45 anos. De acordo com a médica ginecologista do Hospital Sugisawa Mônica Tessmann, se a mulher entrou na menopausa e se está há mais de um ano sem menstruar, ter um escape pode trazer preocupação. “Nestes casos, o escape pode ser sintoma de câncer de endométrio ou câncer de colo de útero”, alerta.

Apesar de ser mais preocupante em mulheres grávidas e nas naquelas que estão na menopausa, é nas mais jovens e não gestantes que o escape é mais frequente. Segundo a médica, “as causas mais comuns do escape são as alterações hormonais, presença de pólipo (espessamento anormal do tecido interno do útero), mioma (tumor benigno), lesões provocadas pelo ato sexual, hipotireoidismo, inflamações e infecções, HPV, estresse, uso de DIU, uso de pílulas anticoncepcionais, indicação de gravidez, gravidez ectópica (gravidez anormal fora do útero, geralmente nas trompas de Falópio) e o câncer de colo de útero”.

Relação com a pílula

O escape também é muito frequente em mulheres que fazem uso de pílula anticoncepcional, sejam as tradicionais, com pausa, ou aquelas de uso contínuo. Nos dois casos, o sangramento pode aparecer na metade da cartela do anticoncepcional. Garcez lembra que, entre as usuárias de pílula, “o escape pode ser provocado pelo esquecimento de tomar o comprimido, pela dosagem inadequada ao organismo (pílula com dosagem muito baixa ao necessário para a paciente) ou pela má absolvição do comprimido devido a distúrbios gastrointestinais que a mulher possa apresentar ocasionalmente”.

Além do escape, o médico chama a atenção para a necessidade de utilização de um método contraceptivo complementar para as mulheres que esqueceram de tomar a pílula corretamente. “Quem esqueceu um comprimido pode ter escape pela baixa hormonal n,a corrente sanguínea. Neste caso, a mulher também corre o risco de ovular e engravidar. Para evitar a gestação não planejada, ela deve seguir com a cartela, não tomando jamais dois comprimidos juntos e combinar um método de barreira com o uso da pílula, como o uso da camisinha ou diafragma, por exemplo”. Se o escape acompanhar a mulher por mais de dois ou três ciclos menstruais, o correto é procurar um médico para verificar a possibilidade de fazer a troca do anticoncepcional.

Causas do problema

Para se certificar sobre o que está provocando o escape, o recomendado pelos médicos é passar por uma avaliação com um ginecologista, que fará todos os exames necessários, como o preventivo (Papanicolau), dosagem hormonal e ecografia, exame que pode ajudar ou determinar o diagnóstico. De acordo com Mônica, pedir uma ecografia é o primeiro procedimento realizado pelo ginecologista às pacientes que apresentam sangramentos anormais. “Com a ecografia, é possível confirmar ou descartar a presença de mioma ou de pólipo”, esclarece.

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